Teste Royal Enfield Int 650 Bear – Rebeldia Scrambler

Estivemos recentemente em Espanha, em Alcalá de Henares, para um segundo teste, em solo europeu, da nova e muito aguardada Royal Enfield Int 650 Bear, que já se encontra disponível nos concessionários da marca em Portugal.

andardemoto.pt @ 3-4-2025 15:47:37 - Texto: Pedro Pereira

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Royal Enfield BEAR 650 | Classic | Estrada

A Scrambler da Royal Enfield, é uma evolução da Interceptor 650, mas na sua essência é uma moto completamente diferente, ainda que mantenha o ar de família. O seu nome foi inspirado na famosa prova Big Bear Race, disputada no deserto do Mojave,na Califórnia.

Foi ali que, em 1960, “Fast” Eddie Mulder venceu na sua classe e à geral, tendo apenas 16 anos de idade, aos comandos de uma Royal Enfield Fury de 500 cc. A nova Bear é,assim, um merecido tributo à moto original e ao piloto.

De referir que Eddie teve uma longa ligação à competição, nomeadamente nas corridas de flat track, mas também ao cinema, sendo duplo em várias cenas de moto,incluindo no filme Magnum Force, em que substitui Clint Eastwood nas cenas mais arrojadas.


Muitas diferenças face à Royal Enfield Interceptor 650

Tendo por base a Interceptor 650, a nova Bear 650 é uma nova moto e o facto de herdar apenas 30% dos componentes da moto dadora, reforça isso mesmo e mostra que a equipa de engenheiros e designers da marca fez bem o trabalho de casa, antes de disponibilizar o modelo ao mercado.

Da Interceptor 650 herdou motor, o depósito de combustível e os travões. Mesmo estes, apesar de manterem as pinças da Bybre, possuem agora novos discos, de medidas 320mm na frente e 270mm na traseira e o ABS pode ser desligado, mas apenas na roda traseira. Existe um prático botão dedicado para o efeito pois sempre que se liga a ignição o ABS fica ativo por defeito.

A nova suspensão Showa, de 43mm e sem qualquer regulação, é composta por uma forquilha invertida de função separada, com 130mm de curso. Atrás temos dois novos amortecedores que proporcionam um curso de 115mm e regulação na pré-carga da mola.


Outros destaques

O bicilíndrico de 648cc já é um nosso conhecido, sendo refrigerado a ar/óleo, com apenas duas válvulas por cilindro, privilegiando os baixos e médios regimes. Também equipa as Royal Enfield Continental GT, Interceptor 650, Shotgun 650, Classic 650 e Super Meteor 650, mas aqui está diferente, mais preparado para uma utilização específica desta scrambler.

O seu binário foi aumentado em 8%, graças a um novo mapa de entrega de potência e uma nova sonoridade graças ao escape “dois em um”, ao mais puro estilo scrambler,ainda que a ponteira, situada do lado direito da moto, pudesse estar numa posição um pouco mais elevada.
Tendo passado de 52,3 Nm para 56,5 Nm e a diferença é notória, até porque a cremalheira tem agora mais 3 dentes, tornando a subida de rotação mais rápida, embora exponenciando a possibilidade de atingir o limitador de rotação. Acima das 5500 rpm o motor começa a denotar alguma dificuldade em progredir, embora o regime máximo de potência, 47 cv, seja atingido só às 7250 rpm.


Os consumos homologados são de 4,2 litros por cada 100 km, mas que numa utilização mais empenhada vão certamente subir. Ainda assim, os 13,8 litros do depósito devem permitir fazer 300 km de autonomia, com alguma margem.

Também nos comandos, a Bear 650 se diferencia de toda a família 650. Apresenta agora um quadrante digital (tripper dash) em TFT, ligeiramente descentrado para a esquerda, com o formato redondo, herdado da Himalayan 450.

Permite conexão com o smartphone e tem imensa informação, sendo muito intuitivo de consultar e até dois modos de visualização. Inclui ainda uma útil tomada USB-C, escondida por detrás do quadrante.

A iluminação é integralmente em LED revelando um passo significativo na evolução tecnológica sem pôr em causa a nostalgia associada ao modelo. Com destaque para a muito bem conseguida estética do farol dianteiro. Já os indicadores de direção são muito grandes, destoam do conjunto e não têm função de auto cancelamento.


Ergonomia de scrambler

Também a ergonomia foi alterada e as mudanças são muito relevantes, começando pela maior altura ao solo, que é agora de 184mm. Mas há mais.

O assento foi completamente renovado, proporcionando o necessário conforto para uma utilização mais radical e uma nova geometria adaptada ao desempenho mais aventureiro do modelo. É possível circular com passageiro com um razoável nível de conforto e este é mimado com uma larga pega de suporte.

Um novo guiador mais largo e pousa-pés bem posicionados conferem uma posição de condução desafogada, favorecendo a condução em pé. Ainda assim, o guiador está muito baixo e os nossos braços facilmente embatem nos espelhos retrovisores, quando nos levantamos.

Na Royal Enfield encontramos novos pneumáticos de utilização mista com jantes raiadas de 19 e 17 polegadas, não preparadas para sistema tubless. Foram desenvolvidos em colaboração com o fabricante Indiano MRF e mostraram ser agradável surpresa, em particular no piso enxuto, oferecendo muita confiança e permitindo ritmos de condução muito interessantes. A sua estética faz nitidamente lembrar os Pirelli STR e,depois de aquecerem, são uma boa escolha e permitem bons níveis de inclinação.

Notas finais

A Bear 650 tem uma presença impactante, bons acabamentos e o seu desempenho global é bastante convincente. O seu estilo nostálgico e retro remete-nos para as corridas no deserto, dos anos 60, oferecendo uma condução divertida e até empenhada, sobretudo nos médios regimes.

Por outro lado, a marca disponibiliza um vasto catálogo de acessórios, o que vai permitir ter uma moto ainda mais personalizada e direcionada para os gostos de cada um.

A Bear 650 já está disponível no nosso país, em três esquemas cromáticos muito apelativos, mas bem distintos entre si:

- Petrol Green (conjugação de cores muito nostálgica) - 7.387 €

- Golden Shadow (mais discreta e com bainhas da suspensão dianteira douradas) -7.487 €

- Edição Two Four Nine, (tributo ao número da moto de “Fast” Eddie Mulder) - 7.587 €

Em suma, este é um novo modelo que vai enriquecer a oferta no mercado de motos com um perfil que é, ao mesmo tempo, aventureiro e clássico. Nada como ir experimentar e avaliar por si mesmo.

Equipamento:

Capacete: Icon Variant Pro

Casaco: Merlin Hixon

Luvas: Alpinestars Crestone Gore-Tex

Calças: Ixon Summit 2

Botas: Icon Stormhawk

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Royal Enfield BEAR 650 | Classic | Estrada

andardemoto.pt @ 3-4-2025 15:47:37 - Texto: Pedro Pereira


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