Teste Yamaha Tracer 7 GT: Nova Identidade
A Yamaha renovou profundamente as suas populares Tracer 7 GT e Tracer 7. Vamos focar-nos na primeira e perceber até que ponto as mudanças lhe conferem uma nova identidade.
andardemoto.pt @ 2-10-2025 16:38:10 - Texto: Pedro Pereira Fotos: Luís Duarte
Faça uma consulta e veja caracteristicas detalhadas:
Yamaha Tracer 7 GT | Moto | Desportivas de turismo Desde o seu lançamento, no já algo distante ano de 2016, que a Tracer 7, versão sport-touring da MT-07, conheceu um grande sucesso em vários países europeus, sendo que Portugal não é exceção. Não há como negar que esta nova geração está melhor do que nunca, em especial nesta versão GT, e os seus atributos vão muito além de uma estética profundamente revista, mais atual e consensual.
A Yamaha caracteriza-a como sendo “beleza em todas as curvas” e não deixa de ter alguma razão. Durante o test ride a que foi sujeita percorreu os caminhos até a Avis, onde se realizou a 18.ª edição do Traveler’s Event, (crónica nesta edição do seu Andar de Moto), e enquanto lá esteve estacionada, foram vários os motociclistas que se aproximaram para ver de perto a novidade da marca que agora chega ao nosso mercado.
A geração que agora sai de cena chegou ao mercado em 2020, coincidindo com a entrada em vigor da Norma Euro 5, e foi uma aposta ganha, sendo muito apreciada pela sua versatilidade, comportamento divertido, o motor CP2 em muito boa forma e um preço ajustado.
Na primeira geração apenas existia a versão normal. Na segunda geração foi introduzida a GT, mais equipada de origem e ainda mais focada no conforto e funcionalidade, pelo que os potenciais compradores viram alargado o seu leque de escolhas, algo que se mantém nesta nova geração. As mudanças são imensas, sendo que a própria estética a aproxima mais da sua irmã Tracer 9, o que joga nitidamente a seu favor.
A GT continua a conseguir conciliar verdadeiras características de “turismo desportivo”, em boa medida graças ao seu popular bicilíndrico em linha, o popular CP2 de 690 cc, que está ligeiramente diferente, com cambota desfasada, mas já lá vamos.
De entre a forquilha dourada, as malas laterais rígidas, o pára-brisas 90 mm mais alto, os punhos aquecidos ou o descanso central. Ou seja, uma dotação de equipamento mais rica e que ajuda a justificar o preço de 11.540 €, a que acrescem as correspondentes despesas. São 1.590€ acima da versão base.A lista de mudanças, a maior parte delas comuns também à versão base, é tão extensa que vamos mencionar apenas as principais, caso de um novo design mais funcional e compacto. Tem também novos faróis LED com distintas luzes de presença, que vão aumentando de intensidade gradualmente quando se ligam, realçando uma dianteira mais futurista.
Também o novo pacote eletrónico vai agradar mesmo aos mais exigentes e as siglas são uma verdadeira sopa de letras, mas focando-nos no essencial, vem com acelerador eletrónico (ride by wire), modos de condução YRC e controlo de tração TCS regulável.
O Y-CCT (Yamaha Chip Controlled Throttle) dá acesso a uma nova geração de ajudas ao condutor e contribui para uma entrega de potência ainda mais linear. O Yamaha Ride Control (YRC) permite escolher entre dois mapas (Sport e Street) e a regulação do controlo de tração (TCS) e ainda um terceiro modo de condução personalizável.
A nova Tracer 7 GT vem com suspensões revistas e atualizadas, guiador um pouco mais largo, chassis e braço oscilante mais rígidos, um útil e prático cruise control (também na versão base), depósito mais ergonómico e agora com capacidade para 18 litros de combustível.
Tem agora ecrã TFT de 5 polegadas com conectividade para smartphone, distintos modos de visualização, navegação e comandos mais ergonómicos, incluindo um dedicado para os modos de condução e ainda piscas com cancelamento automático. Só faltou mesmo os comandos serem retroiluminados.
Também a travagem dianteira está melhor com os dois discos de travão dianteiros com pinças de 4 pistões com fixação radial sendo a diferença notória. Nesta versão GT os dois assentos são Comfort e a estética está diferente, sendo de acrescentar que o do condutor pode ser regulado em altura, podendo subir 20 mm, perfeito para os mais altos.
De referir ainda os excelentes pneus Michelin Road 6 GT, que associados a um ótimo chassis, uma boa posição de condução e umas suspensões bem calibradas permitem curvar de forma muito empenhada, levando a que ambos os avisadores ajudem a alisar o asfalto.
Desta vez tomei uma decisão algo radical, mas que creio justificar-se perfeitamente.Pedi a um amigo que tem uma Tracer 700, versão base, de 2020, para ser ele a avaliar as suas sensações face ao modelo de que é proprietário. O João já fez 45.000 km na sua e está a ponderar trocar de moto, sendo que está dividido entre a Tracer 7 e a Tracer 9.
Por gostar de motos menos carregadas de equipamento e não valorizar itens como as malas laterais, os assentos Comfort e o descanso central, a sua opção será sempre a versão base. Eis a sua análise:
“Gostei muito da suspensão, da posição de condução, do painel de comando e dos comutadores. Toda ela está muito melhor que a minha de 2020, à exceção da potência do motor. Em alta não se nota, mas em baixa e média rotação a diferença sente-se, sendo que a resposta é menos imediata, em especial à saída das curvas”.
Foi ainda a meados da última década do século passado que a marca dos diapasões lançou o seu primeiro motor do tipo crossplane, com cambota desfasada a 270°, essencialmente para tentar dar resposta à ofensiva italiana das Ducati bicilíndricas em V.
Se é verdade que na pioneira TRX 850 as vendas não corresponderam às expectativas, não há como negar que o conceito de cambota desfasada se veio a revelar uma opção de engenharia brilhante, com uso na competição e na família CrossPlane da Yamaha, de que o CP2 é um ilustre membro.
Lançado em 2014 na MT-07, o CP2 rapidamente se tornou um sucesso imparável e a sua fiabilidade, acima de qualquer suspeita, aumentou ainda mais a sua fama, tal como a resposta limpa em qualquer rotação, com destaque para o binário que se revelava bem cedo.
Atualmente a marca usa-o em vários modelos: MT-07, XSR 700, Ténéré 700, Tracer 7 e até na Fantic 700, ou seja, um motor verdadeiramente universal.
A grande dúvida, sobretudo para os interessados na nova Tracer, seja na versão normal ou GT, é entender se, com a Euro 5+, o motor, além de mais refinado na resposta, continua pleno de sensações como estávamos habituados, uma vez que esta norma é ainda mais exigente em termos de emissões e ruído.
Para o João, a moto está globalmente muito melhor, mas destaca também que o motor perdeu algum caráter nas baixas e médias rotações e ele sente isso em particular à saída das curvas, em que o motor na geração anterior tinha uma resposta mais direta.
O CP2 Euro 5+ declara 73,4 cv às 8750 rpm e um binário máximo de 68 Nm às 6500 rpm, ou seja, os mesmos valores que o modelo anterior, pelo que a haver diferenças não é por aí.
Por um lado, com este pacote eletrónico a entrega de potência é mais fina e modulada, algo que pode desagradar a alguns. Por outro lado, a moto que tivemos para test ride tinha apenas cerca de 2.000 km e talvez o motor necessite de mais algum tempo para atingir o máximo da sua performance.
Isto para dizer que a diferença de caráter do motor é pequena, embora exista, tal como ao nível de escape, que está cada vez mais amordaçado e pode desiludir alguns.
Chegou a especular-se se a marca iria aproveitar, como muitas das suas concorrentes têm feito e a própria Yamaha chegou a fazer no seu motor CP3, para aumentar ligeiramente a cilindrada. A opção da marca passou por fazer modificações em vários pontos-chave do motor para conseguir manter o seu comportamento, mas as diferenças, ainda que subtis, estão lá.
Em suma, o CP2 continua a ser um motor que nos seduz e agrada, casando muito bem com esta Tracer 7 GT, mantendo intocáveis as qualidades que lhe conhecíamos, mas é como se tivesse sido ligeiramente descafeinado… para bem da nossa saúde!
Apesar de agora a concorrência estar mais forte do que nunca, é praticamente certo que a nova Tracer, nomeadamente na versão GT, que além desta cor Icon Performance também poderá ser adquirida em Tech Black, vai continuar no caminho do sucesso.
Mais adulta e refinada do que nunca, disponível também em Versão A2, com uma dotação tecnológica nivelada pelo que de melhor existe no mercado, tem tudo para dar certo, mesmo que o motor esteja um pouco menos vivo, face à geração anterior.
Durante os vários dias que estivemos juntos e nas largas centenas de km's que percorremos em diferentes ambientes, incluindo com passageiro, deu para perceber que a nova Tracer vai fazer as delícias dos seus donos. Para roçar a perfeição só faltou mesmo um quick-shifter.
Equipamento:
Capacete Schuberth S3
Blusão: RSW Atacama
Luvas: RSW Ms-019
Calças: Alpinestars Merc
Botas: TCX Street 3
Faça uma consulta e veja caracteristicas detalhadas:
Yamaha Tracer 7 GT | Moto | Desportivas de turismoandardemoto.pt @ 2-10-2025 16:38:10 - Texto: Pedro Pereira Fotos: Luís Duarte
Clique aqui para ver mais sobre: Test drives