Contraponto CFMOTO 450MT vs Royal Enfield Himalayan 450 vs Triumph Scrambler 400X
Uma nova geração de motos de aventura que se caracteriza por ser económica, polivalente e com um elevado potencial de diversão. A piscarem o olho aos mais jovens e a causarem curiosidade aos motociclistas mais veteranos, podem perfeitamente ser a escolha mais acertada em muitas situações. Mas qual é a melhor? Saiba já a seguir…
andardemoto.pt @ 28-8-2024 15:01:53 - Texto: Rogério Carmo | Fotos: Luis Duarte
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Triumph Scrambler 400x | Moto | ClassicsRoyal Enfield Himalayan 450 | Moto | Himalayan
CFMOTO 450MT | Moto | Adventure
Ser pequeno não é, definitivamente, nem menos, nem um defeito ou uma limitação. A mulher e a sardinho querem-se pequenas, já dizia o ditado. E a verdade é que mais vale um pequeno bom que um grande mau, outro provérbio que me ocorre e ao qual recorro para ganhar balanço e tentar definir os atributos e desvantagens destas aventureiras, de baixa cilindrada mas de grande potencial utilitário e de diversão.
Escolher entre estas três motos, tal como muitas outras, pode ser fácil, mas também pode ser difícil. Os menos experientes no mundo das motos, que pretendam subir das 125cc para motos mais substanciais, vão ter que aprender primeiro que a moto perfeita não existe e que uma moto que satisfaça todos os requisitos para ser uma companheira de todos os dias e todas as aventuras e que se adapte perfeitamente a todos tipos de utilização, efectivamente, também não existe, pelo que é necessário definir prioridades e assumir um compromisso. Não sem antes testar todas as opções.
Os mais experientes vão facilmente entender as valências de cada uma e não vão ter dificuldade em perceber qual melhor se adequa às suas necessidades. Mais provavelmente vão ter é dificuldade em se libertarem de preconceitos e darem a oportunidade a eles próprios de experimentarem as vantagens que as motos de baixa cilindrada apresentam relativamente aos grandes motões!
Com uma notável qualidade de construção, sobretudo tendo em conta a sua faixa de preço, as três motos que aqui trago apresentam um nível de qualidade notável e um extremo cuidado ao nível dos acabamentos.
A sua potência reduzida, mas mais do que suficiente para qualquer utilização do dia-a-dia, é compensada por uma grande facilidade de condução, uma grande agilidade e, melhor ainda, uma considerável economia, na compra, na utilização e na manutenção. Inclusivamente, para uma manutenção diária, até a limpeza dos filtros de ar é bastante fácil de realizar em todas elas, fator importante para quem gosta do pó.
Mas apesar de fazerem parte do mesmo segmento, com potências, pesos e preços semelhantes, elas são substancialmente diferentes entre si. Daí a sua escolha poder ser difícil.
CFMOTO 450MT
A CFMOTO 450MT é, sem qualquer dúvida, a mais radical. As linhas angulosas, a imponente carenagem frontal, o farol ameaçador, o seu motor bicilíndrico que reage explosivamente às solicitações do acelerador, com uma nota de escape entusiasmante, prometem uma condução atrevida, mais recomendada para quem já tiver alguma experiência de condução, sobretudo no fora de estrada.
Das três é a que melhor enfrenta as dificuldades impostas pelo piso, a que permite andamentos mais rápidos fora de estrada e a que melhor responde às exigências de um experiente piloto de offroad. A sua suspensão aguenta facilmente os eventuais abusos inerentes a uma condução técnica.
Fácil de inserir na trajetória, com a suspensão a absorver bem os maiores impactos, o seu peso é escamoteado pela grande agilidade que demonstra tanto em manobra como em andamento. No entanto agradecia-se um maior ângulo de brecagem.
No asfalto a CFMOTO 450MT mostra um comportamento saudável, perfeitamente controlável, requerendo apenas algum cuidado a alta velocidade, situação em que a frente começa a tornar-se demasiado leve, com tendência a “flutuar”, sobretudo em aceleração na saída das curvas.
O motor bicilíndrico é o principal responsável pelo prazer de condução que a MT 450 proporciona, brilhando sobretudo a alta rotação, e com uma nota de escape agradável, impossível de não fazer lembrar a T7, fruto de uma cambota defasada a 270º. Pena a caixa de velocidades ter um seletor tão rijo e a engrenagem das diversas relações ser tão pouco suave.
Como maior senão, a resposta ao acelerador a baixa velocidade revela-se demasiado explosiva, tornando mais difíceis as manobras e, a baixa rotação, torna-se demasiado fácil deixar o motor “ir abaixo”, podendo com isso intimidar um pouco os motociclistas menos experientes.
Pelo contrário, os mais experientes em offroad vão adorar a sua ciclística muito “transparente” que permite ter uma noção mais detalhada do piso e da direção.
A sua ergonomia foi bem definida, tornando-a bastante confortável sobretudo numa condução em pé. Sendo a que apresenta uma maior altura de assento, que em abono da verdade não é dos mais macios, compensa pela escassa largura entre pernas que facilita manobras mais técnicas.
Tecnologicamente a 450MT é bastante completa, oferecendo controlo de tração e ABS desligáveis, suspensões KYB com forquilha invertida (de apenas 41mm de diâmetro enquanto a Triumph e a Himalayan têm forquilhas de 43mm de diâmetro) e amortecedor traseiro com depósito de expansão exterior, ambas ajustáveis em compressão e expansão.
O vistoso painel de instrumentos, é muito completo e legível (apenas os mais pitosgas poderão ter dificuldade em ler as letras e números demasiado e injustificadamente pequenos) e a navegação entre as diversas funcionalidades é bastante intuitiva graças a um interface simplificado e comandos bem posicionados.
PODE VER AQUI O TESTE COMPLETO À CFMOTO 450MT
Royal Enfield Himalayan 450
A Royal Enfield Himalayan 450 posiciona-ne como uma gentleman bike. Confortável, espaçosa, com um estilo intemporal, revela-se extremamente fácil de conduzir desde o momento em que se engrena a primeira relação da caixa de velocidades de accionamento preciso e suave.
Tão competente no asfalto como na terra, proporciona o conforto necessário nas maiores tiradas, mesmo com passageiro, graças a uma suspensão com afinação macia, uma resposta assertiva e parcimoniosa do acelerador e um comportamento dinâmico irrepreensível.
Esteticamente assume um compromisso entre o estilo retro de linhas arredondadas e o estilo Rally, com uma atitude agressiva assente numa frente volumosa e uma traseira esguia. Não é a mais leve, nem a mais manobrável ou rápida deste grupo, mas é a que melhor se adequa a uma utilização polivalente.
A entrega do novo motor Sherpa, com mais cilindrada e capacidade de fazer rotação graças à refrigeração por líquido, é suave e constante, com o acelerador bastante doseável. Apesar de não ter o caráter desportivo da CFMOTO 450MT, nas mãos de utilizadores normais que apenas pretendam explorar uns trilhos, sem grandes pressas, não lhe fica atrás, passando com a mesma facilidade os obstáculos mais difíceis, apesar de ser substancialmente mais pesada que as suas concorrentes.
A suspensão absorve bem todas as irregularidades, a travagem está perfeitamente dimensionada para o conjunto e um motociclista menos experiente vai sentir-se bastante confiante, mesmo fora de estrada. No asfalto a Himalayan brilha pela sua estabilidade a alta velocidade e comportamento em curva, sendo fácil de inserir em ângulo, mantendo-se muito estável durante a inclinação.
A Himalayan 450 oferece dois modos de condução, permite desgigar o ABS, mas não dispõe de controlo de tração.
O seu painel de instrumentos, de aspecto nostálgico mas completamente digital, promete mais do que oferece pois o seu interface é pouco intuitivo e o seu comando é pouco preciso, sobretudo com luvas grossas calçadas ou em condução em pé ou noturna.
O descanso lateral pode ser um problema para os condutores mais baixos, pois apesar de a altura do assento não ser exagerada, até é inferior à da MT 450, o descanso lateral é tão inclinado que, recolhê-lo, pode ser um considerável esforço físico em certas situações. Sobretudo com malas carregadas.
PODE VER AQUI O TESTE COMPLETO À ROYAL ENFIELD HIMALAYAN 450
Triumph Scrambler 400X
A Triumph Scrambler 400X é sobretudo uma “fun bike” urbana. O bom desempenho do motor, com resposta imediata e polida e as linhas clássicas cheias de charme, são os seus grandes argumentos. Compacta, extremamente ágil e manobrável, de resposta rápida ao acelerador, confere elevados níveis de prazer de condução.
Mais focada no asfalto do que nas estradas empoeiradas, a sua suspensão de afinação mais rija e com menor curso promovem o seu potencial asfáltico.
O motor monocilíndrico conta com pormenores de engenharia refinados que resultam numa resposta rápida desde baixa rotação e numa alegre subida de regime quase até ao limitador, com as vibrações a crescerem em conformidade, mas com uma sonoridade sempre muito agradável e entusiasmante.
Apesar de ser a que apresenta menor cilindrada e uma menor potência máxima, a Scrambler 400X não se intimida a acompanhar as demais no asfalto. Apenas a sua velocidade de ponta é inferior à das outras duas motos aqui referidas.
Nem ficaria para trás em algumas situações fora de estrada, não estivesse limitada pela menor distância livre ao solo, pelo menor curso das suspensões e pelo gordo pneu de 19 polegadas instalado na frente.
A caixa de velocidades e a embraiagem são de accionamento leve e refinado, muito melhores que as das suas concorrentes. A travagem não é o seu ponto mais forte, mas é perfeitamente capaz de cumprir a sua função, pecando apenas pela maior necessidade de “espremer” a manete.
Das três motos aqui referidas a Triumph, apesar de ser a que apresenta uma maior altura do assento ao chão é a mais leve e a mais manobrável, com uma boa ergonomia e um bom ângulo de brecagem.
Tecnologicamente destaca-se o painel de instrumentos analógico/digital cuja navegação se faz através de um pequeno joystick ao alcance do polegar esquerdo e que permite alterar facilmente diversos parâmetros, como desligar o ABS e o controlo de tração.
Alguns plásticos de qualidade inferior, nomeadamente nos punhos, não ofuscam o elevado nível de acabamento e atenção ao detalhe que esta moto encerra.
PODE VER AQUI O TESTE COMPLETO À TRIUMPH SCRAMBLER 400X
Conclusão:
Qualquer destas 3 motos é uma boa opção de compra. Com o seu preço a rondar os 6000 euros, a referida qualidade de construção e respetivo nível de acabamentos tornam-nas a todas elas potenciais candidatas a companheiras perfeitas.
Será o tipo de utilização que definirá a escolha: a CFMOTO 450MT para uma utilização mais exigente fora de estrada, tendo em conta os seus consumos de combustível um pouco mais altos e os intervalos de manutenção mais curtos, a Royal Enfield Himalayan 450 para uma utilização mais turística e polivalente, aproveitando o seu conforto e grande autonomia para tiradas maiores, e a Triumph Scrambler 400X para uma utilização preferencialmente urbana, mas capaz de umas esporádicas incursões por maus caminhos, aproveitando a sua agilidade no trânsito e a sonoridade do seu motor para alegremente “ir ali num instantinho”.
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