Cyclone RT3S: em busca de um lugar ao sol

A marca Cyclone Motor, recentemente chegada ao mercado e cuja representação na Península Ibérica está a cargo da Multimoto, aposta forte também no mercado das scooters, entre as quais, a RT3S é o topo da hierarquia.

andardemoto.pt @ 14-10-2025 07:58:00 - Texto: Pedro Pereira Fotos: Luís Duarte

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CYCLONE RT3s | Moto | Scooter

A Cyclone Motor é uma das marcas do gigante Zonsen Industrial Group Co de cujo portfólio fazem ainda parte, por exemplo, a Voge, a Zonsen e a Loncin. Em termos de scooters, para já, estão disponíveis em Portugal a RT1 (125 cc), a RT2 (300 cc) e esta RT3S, também de 300 cc, mas mais refinada e melhor equipada.

As scooters de média cilindrada, algo como entre os 250 e os 350 cc, representam um importante mercado em Portugal e todas as marcas que o disputam sabem que não é fácil conseguir uma fatia do bolo, pelo que existem diferentes abordagens e estratégias para o conseguir.

Pode escolher pela notoriedade da marca, o nome do modelo, a dotação de equipamento, a performance do motor, o posicionamento mais premium, o preço mais acessível ou uma conjugação destes fatores, mas o facto é que o leque de opções é vasto.

A recém-chegada Cyclone não vai ter vida fácil, havendo concorrência até mesmo dentro do grupo Zonsen, com a Voge SR3, que testámos na edição de maio da sua Revista Andar de Moto.

Mais ou menos indiferente a tudo isso, a RT3S já está disponível em terras lusas e tem um conjunto alargado de atributos para singrar e procurar o seu lugar ao sol, sendo que o preço de 4.370€, mais as despesas de documentação, transporte e ISV, é apenas um deles. Fortes atributos visuais

Afirmar que nesta altura as scooters são mais ou menos todas iguais é nitidamente um exagero, mas é inegável que, nomeadamente em termos estéticos, as diferenças não são gritantes e as marcas não arriscam muito. A maior parte dos compradores destas scooters procura sobretudo mobilidade urbana de forma funcional e prática e menos um estilo próprio em que a moto seja um elemento distintivo.

Mesmo tendo isso presente, a RT3S agrada aos sentidos e o impacto visual é positivo. Consegue ter uma linha identificadora própria, nomeadamente na dianteira bastante afilada, quase provocadora, em que a iluminação é um elemento de destaque, tal como o logo da marca, com a cabeça de dragão bem visível, tudo reforçado pelo pára-brisas de regulação elétrica.


Além desta feliz combinação de cinzento com preto também pode ser adquirida totalmente em preto, mas é uma cor que não a beneficia e a torna mais discreta, talvez em excesso. Mesmo com o conservadorismo reinante a marca podia ter arriscado um pouco, por exemplo, com uma tonalidade verde e outra azul.

As linhas laterais são bastante bem conseguidas e o facto de ter muito espaço para condutor e passageiro só reforça isso mesmo, sendo que os poisa pés do passageiro não são escamoteáveis e ainda bem pois dão uma impressão de continuidade às laterais e um aspeto mais sofisticado.

Quanto à traseira, esta scooter apresenta uma agradável conjugação com um largo farol de linhas angulosas e várias intensidades, consoante a função da iluminação, sendo que o facto de ter uma grade traseira como parte integrante do suporte para as mãos traz mais harmonia e funcionalidade ao conjunto, sendo muito fácil de colocar uma top case.

Motor apenas suficiente
Equipada com um monocilíndrico a 4 tempos de 289 cc, refrigeração por líquido, dupla árvore de cames e 4 válvulas, não compromete em termos de performance, mas também não deslumbra, até porque o peso em ordem de marcha não ajuda. São 24 cv, obtidos às 7000 rpm e um binário de 24,5 Nm, às 6750 rpm, para um peso de 201 kg, o que lhe dá uma relação peso/potência de apenas 8,35 kg/cv. Naturalmente que não se está à espera que esta scooter seja uma desportiva, mas esperava-se um pouco mais de resposta do motor.

A sua irmã gémea RT2, equipada exatamente com o mesmo motor, consegue ter uma superior resposta do motor e a explicação é simples: pesa menos 18 kg! Pode não parecer relevante, mas acaba por ser, até porque em termos aerodinâmicos a RT3S também oferece mais resistência, ainda que nos brinde também com maior conforto e proteção.


Por outro lado, sente-se o motor algo “abafado”, como que prisioneiro das exigentes regras de emissões poluentes e de ruído, o que faz com que a sua resposta, sobretudo depois de atingido o pico máximo de binário, acabe por cair de forma abrupta, até porque o nível máximo de potência está apenas 250 rpm mais acima.

Ainda relativo ao motor há a destacar o seu apetite de passarinho. Durante os dias em que foi efetuado o test ride, foi conduzida sem preocupações relativas ao consumo, com e sem passageiro e até com alguma carga, sendo que os consumos médios apresentados no computador de bordo ficaram sempre abaixo dos 3 litros! Esse facto associado a um depósito com capacidade para 17 litros representa uma autonomia que facilmente vai além dos 500 km! Impressões de condução

A posição de condução é a típica de uma scooter: vamos algo direitos, mas muito bem instalados, com os braços abertos sem ser em excesso e com uma infinidade de posições para colocarmos as pernas, numa postura mais ou menos descontraída, que se adapta ao gosto da maioria, incluindo as pessoas de mais baixa estatura.

O arranque é feito sem chave (sistema keyless) e o som do motor, ainda que contido, acaba por ser presente e vai subindo de tom com a rotação, mas sempre de forma bem-comportada, tal como acontece com todo o desempenho dinâmico, mesmo numa condução mais atrevida.

O painel digital é um LCD a cores e tem muita informação, faltando apenas a indicação da temperatura exterior, que bem podia ser trocada pelo pouco útil voltimetro. Adapta-se automaticamente à luz exterior, mas é pouco visível quando o sol lhe incide diretamente.

Estão disponíveis 3 ambientes de visualização distintos e a navegação entre eles é simples, existindo a opção de aceder à opção “My Vehicle” que nos disponibiliza informação adicional, incluindo a muito útil pressão dos pneus (TPMS). De destacar ainda a existência de mirror link, para Android e IOS, indispensável para quem necessita de estar sempre conectado.


O assento está a 780 mm do solo, é bastante confortável para o condutor e para o passageiro e o espaço por baixo é suficiente para um capacete integral que não seja muito volumoso, sobrando ainda espaço para carga, tipo uma mochila. Falta é um local específico para colocar o estojo de ferramentas.

À nossa frente temos 3 porta-luvas: no da direita, de maior capacidade e onde cabe perfeitamente um telemóvel, tem duas entradas USB. O do centro tem uma fechadura com chave física e tem um pequeno cabo para destrancar o assento e, finalmente, o do lado esquerdo abre-se rodando o comando da ignição para a esquerda e acede-se ao bocal de combustível.

Assim que nos fazemos à estrada percebemos que é fácil gostar da Cyclone. Boa posição de condução, a que não é alheia a regulação elétrica do para-brisas, resposta do motor que não compromete e umas suspensões que nos ajudam a enfrentar as nossas estradas, tantas vezes esburacadas, apesar da sua taragem mais para o duro, algo ainda mais com passageiro.

Para esse equilíbrio ajuda o facto de a roda dianteira ser de 15 e a traseira de 14  polegadas, Os pneus, da pouco auspiciosa marca Timsun, acabaram por surpreender. O seu rasto faz lembrar o de uma conhecida marca, mas o meu receio inicial com o piso molhado revelou-se infundado e nunca me apercebi da entrada do controlo de tração e o ABS só se revelou ao exagerar a travagem.

Relativamente a esta, de referir que ambas as bombas de travão são pintadas em dourado. Algo de gosto duvidoso, mas o seu funcionamento é correto, com destaque para o travão traseiro que se mostrou bastante forte, ainda que algo brusco.

Em suma, na condução, seja urbana ou não, esta scooter revelou-se uma boa surpresa e deu até algum gozo de condução em estradas com curvas, sobretudo se o asfalto for de boa qualidade e não tiver muitas irregularidades. Detalhes a rever
Com uma postura adulta e já de maxi-scooter há alguns pequenos detalhes que poderiam ser revistos e iriam melhorar ainda mais o prazer de condução e a satisfação global.


Um deles é a localização das entradas USB. Claro que podemos colocar o telemóvel no compartimento e usar o mirror link, mas se necessitarmos de aceder-lhe teremos que parar. A sua colocação no exterior, usando um qualquer suporte, traz-nos o problema de não haver passagem para o respetivo cabo e podendo trilhar-se o mesmo ou ter de circular com o compartimento aberto.

A iluminação revelou-se péssima! Mas afinal era apenas um problema de má regulação (o manual não explica como se faz), mas testo todas as motos em condução noturna e nesta era perigoso! As luzes de estrada (máximos) iluminam, no máximo, até 30 metros à nossa frente e as de cruzamento (médios) talvez metade disso! Colocada a questão quando da devolução, informaram que tinham vendido uma exatamente igual e o comprador teve que regressar para que fosse devidamente regulada. Fica o aviso.

Os punhos aquecidos deviam ser de série. No manual consta a sua referência pelo que existem e não iriam encarecer muito o produto final. Quem anda de moto com temperaturas mais baixas iria agradecer muito.

Continua o péssimo hábito de não termos o Manual de Utilizador em português e o mesmo vale para os menus de computador de bordo. Para o primeiro a tradução não é complexa ou onerosa e para o segundo seriam apenas mais algumas linhas de código.

Por último, de acordo com o Manual, as revisões são a cada 5.000 km e a verificação de válvulas deve ser feita a cada 10.000 km. Mesmo que os preços sejam acessíveis, não deixa de ser mau para o ambiente e para a nossa carteira, além do tempo de imobilização do veículo. Notas finais

Assumo que estava com alguma curiosidade para testar esta Cyclone SR3S. Não estava à espera de um “ciclone de sensações”, mas as que tive foram boas e até o facto de circular com a scooter quando a tempestade Gabrielle estava por cá não foi motivo de preocupação e o seu desempenho com vento forte foi convincente.

Uma estética com alguma originalidade e vários detalhes de bom gosto, muita agilidade, um preço ajustado, consumos comedidos e uma boa dotação de equipamento fazem da SR3 uma proposta a ter em conta neste segmento.

Como opção para uma utilização urbana e suburbana cumpre perfeitamente o seu propósito e não se nega a uma utilização mais turística, tendo sempre presente as suas reais capacidades e limitações.

Quando a fui devolver disse para mim mesmo que era capaz de ter uma, para a cidade e pequenas viagens!

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