Clássicas - A Casal que renasceu
Criação única e histórica
Há já algum tempo que as redes sociais falavam de uma Casal de
competição muito especial. Aproveitando a presença da moto na Automobilia de
Aveiro, no espaço do especialista de motorizadas nacionais Carlos Martins, fomos
à descoberta da criação de Luís Lima.
andardemoto.pt @ 27-5-2024 10:33:00 - Paulo Araújo
A moto foi realizada artesanalmente por Luis Lima, um apaixonado das pequenas Kreidler e 50cc de Grande Prémio em geral. É ele que nos explica o nascer do projeto:
“Há tempos, estava a restaurar uma Kreidler de Grande Prémio e não conseguia encontrar os aros corretos de 18”, o que é cada vez mais difícil, e me fez dirigir-me ao Carlos Martins… Ele arranjou-me uns que, para minha surpresa diziam Casal:- Raspas isso, mandas cromar e fica bom… disse ele..."
"A verdade é que, tendo descoberto estes aros, me aguçou a curiosidade e me comecei a corresponder com amigos na Holanda, onde descobri que, vários anos antes do aparecimento da famosa Casal Huvo, o importador local, para promover a marca, quis construir uma corredora de 50cc de velocidade com motor Casal.”
“A moto chegou a ser pilotada por um piloto holandês que não sei o nome, mas sei que já faleceu. A dada altura foi trazida para Portugal e exposta numa feira, penso que com a ideia de obter patrocínio da Casal para o seu desenvolvimento… só que a Casal não deve ter ligado muito e a moto nunca mais voltou a Portugal!”
A construção só foi possível depois de aturada pesquisa que envolveu várias fontes, incluindo o próprio construtor da moto original, que, talvez por se tratar de fazer uma cópia da sua criação, não deu grande ajuda.
Outro nome que adiantou muita informação foi o famoso Jan Thiel que depois ficou famoso por construir a Jamathi/Piovaticci que se tornou na Bultaco que correu no Mundial com Angel Nieto e Ricardo Tormo, um exemplar da qual está na posse de um colecionador nacional.
“Chegou a ser o grande Jan Thiel que trabalhou na moto. Era uma coisa muito especial, com cabeça de refrigeração líquida adaptada, cilindro invertido, ou seja, o escape sai para trás e a admissão por disco rotativo é feita do lado esquerdo…""Eu arranjei um cilindro para adaptar, dos da Casal quando eles próprios adotaram a refrigeração liquida, vinha todo em bruto com os transfers tapados e eu é que tive de o maquinar todo internamente…”
“A bateria originalmente eram duas de 6V ligadas em série, para fazer 12, mas depois, como o peso é crítico e uma bateria pesa menos que duas, adaptaram uma maior de 12v. O sítio ideal seria por baixo do banco, mas não pode ser por causa do escape, que derreteria a bateria. Outra opção era onde está a bobine mais à frente, mas também não havia outro sítio para a colocar! Por isso voltou à localização ao lado que não é ideal!”
“A carenagem e depósito fiz eu, foi tudo pintado de verde e branco por um amigo e eu digitalizei os emblemas, que e uma coisa que também faço!”
“Descobri umas fotos a preto e branco que me permitiram definir a estética e depois foi muito trabalho fazer o resto… A suspensão devia ser Betor, mas já não se arranja, pelo que esta é uma Marzocchi o mais parecida possível…"
"O quadro fiz eu, no estilo das Kreidler, de que há inúmeras réplica e já eram muito copiados na altura. Os cubos, adaptei de Casal o mais parecido possível com os da época, tal como o braço oscilante, que era duma Casal RZ mas foi extensamente modificado por mim. Os pneus, para arranjar estes Michelin TG2, foi uma dificuldade… estavam muito ressequidos e tivemos de raspar a superfície exterior e depois tratar com vaselina, estão com bom aspeto mas não são para andar!”
Uma discrepância óbvia na estética é a placa de número com fundo negro, que à partida seria de uma 125, sendo o correto para a classe de 50 número negro sobre fundo branco… Luís Lima está ciente disso, mas garante que era assim. Uma possível explicação era a moto ter sido feita a 80cc, e assim, impedida de correr nas 50, alinhar em vez disso entre as 125.
“Outros pormenores, fiz os apoios do motor, o da frente era original Casal, encontrei todo enferrujado e o de trás fiz eu. Já o escape foi feito por um senhor que já os fazia na Casal, é uma reprodução dos da altura, só podia ser ele a fazê-lo!”
“A moto está a andar, mas ainda não a experimentámos, vamos tentar levá-la a uma pista a breve trecho para ver como se porta… Eram motos que na altura davam mais de 160, e levadas ao limite, quase 200, é incrível para uma 50!”
andardemoto.pt @ 27-5-2024 10:33:00 - Paulo Araújo
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