Aprilia Tuareg Rally 660: a versão mais cobiçada

A primeira vez que o fabricante de Noale usou a designação Tuareg nos seus modelos foi nos meados da década de 80 e logo em quatro motorizações distintas: 50 e 125 cc a dois tempos e 350 e 600 cc, com motorizações a quatro tempos.

andardemoto.pt @ 13-5-2025 13:37:13 - Pedro Pereira

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Aprilia Tuareg Rally 660 | Moto | Motos

A nova Aprilia Tuareg Rally 660 representa agora o ponto mais alto desta linhagem de motos de aventura. Aproxima-se, como nenhuma das suas antecessoras, de uma verdadeira moto de rally, tal como mostram os resultados conseguidos pelo seu piloto Jacopo Cerutti, que esteve na base do desenvolvimento desta versão, capaz de arrebatar corações.

Porque os olhos também comem

Durante os dias em que tive esta Rally para test ride foram várias as pessoas que me abordaram. Faziam-no sobretudo por causa da questão estética e todas eram unânimes em considerar que neste quesito a moto se destaca da concorrência.

A decoração e escolha dos padrões está tão bem conseguida que é quase impossível ficar-lhe indiferente e diferencia-se de imediato da sua irmã mais civilizada, a Tuareg base que até está disponível em duas cores: Hailstrom White (branco) e Tornado Green (verde).

Depois os elementos distintivos são tantos que os nossos sentidos facilmente se deixam inebriar pela Rally e pensar sequer que existe outra versão.

É o caso dos aros das rodas, suspensão dianteira e guiador, todos anodizados num tom dourado que lhe assenta muito bem. Porém, se for para uma utilização mais de rally é de prever que os aros comecem a ficar marcados pelas pedras ou pela troca de pneus, mas é o preço a pagar.

Também o guarda-lamas dianteiro, em posição elevada, é uma verdadeira provocação e mostra que esta moto está mesmo direcionada para a competição, algo reforçado pela enorme e envolvente proteção de cárter, fundamental para proteger o fantástico motor, mas já lá vamos. Também o robusto protetor de corrente está lá e ainda bem.

Por último, destaque para a ponteira de escape desenvolvida em parceria com os especialistas da SC Project. Esteticamente irrepreensível, é também mais leve que a original, mas o seu principal argumento é a sonoridade emanada, muito diferente para melhor, da original. Quase nos perguntamos como consegue cumprir a Norma Euro 5+ e ter um som tão viciante.



Quando, há cerca de 5 anos, a Aprilia lançou no mercado o seu novo bicilíndrico paralelo de 659 cc, com 100 cv registados às 10500 rpm e um binário de 67 Nm às 8500 rpm já se previa que o mesmo pudesse ter diferentes utilizações, até numa lógica de economia de escala e rentabilização do desenvolvimento. A base era o motor da RSV4, mas sem a bancada anterior de dois cilindros e os engenheiros de Noale acertaram em cheio.

Este motor foi apresentado primeiro na RS 660, depois na Tuono e, finalmente, na Tuareg, sendo que para este modelo específico a potência e binário foram trabalhados de forma a ter uma resposta mais imediata a rotações mais baixas.

Assim, o motor “perdeu” cerca de 20 cv, debitando agora 80 cv às 9250 rpm e um binário de 70 Nm às 6500 rpm. Estas mudanças fazem todo o sentido na Tuareg, mas não escondem o óbvio: este bicilíndrico gosta de rotação e a forma como se vê a agulha do taquímetro no painel TFT digital de 5 polegadas e subir velozmente rumo à zona proibida, ilustra isso mesmo.


Apesar disso, consegue ser bastante civilizado e permitir uma condução quase isenta de vibrações, mesmo a baixa rotação, muito útil em condução citadina. Porém, numa utilização off-road, caso se pretenda um rápido aumento da rotação, por exemplo para obrigar a roda traseira a atravessar, um pequeno toque na leve manete de embraiagem faz toda a diferença, sobretudo se as ajudas eletrónicas estiverem desligadas!
A Tuareg Rally 660 é esteticamente irrepreensível, tudo está no local certo, as rodas são 21 e 18 polegadas, aros em Ergal e com raios reforçados. Já a altura do assento, que está agora nos 913 mm, pode trazer algumas dificuldades aos motociclistas de perna mais curta, onde me incluo. Ainda assim não chega a comprometer e pode ser feito algum trabalho na redução da altura ao solo nas suspensões ou no próprio assento, cujo conforto é apenas aceitável, mas que para uma moto de rally está perfeito.
O espaço para posicionarmos o corpo é mais do que suficiente, o guiador é o de uma moto de enduro, largo e em posição elevada sem exageros, perfeito para o fora de estrada e sem comprometer numa utilização mais urbana, onde também se sente bastante à vontade. Já o motor permite velocidades de ponta e de retoma que nos surpreendem a ponto de duvidar se terá apenas os 80 cv declarados.


Foquemo-nos agora no fora de estrada. O melhor elogio que posso fazer é que foi usada em trilhos de moto de enduro e só mesmo os pneus (os mistos Pirelli Rally STR) limitaram a ação! É a moto perfeita para ir fazer umas pistas ao Norte de África, um Baja Portalegre ou um Portugal de Lés-a-Lés off-road. Basta colocar uns pneus mais cardados e jogar com a regulação das excelentes suspensões dianteiras, umas Kayaba de 43 mm, com um curso de 240 mm e do monoamortecedor traseiro, também Kayaba e com igual curso.

De pé ou sentado a moto conduz-se com uma facilidade estonteante e os 199 kg, menos 5 kg que na versão base, são um valor admissível e abaixo de muita da sua concorrência mais direta. Percebe-se que tudo foi feito para funcionar bem num uso mais aventureiro. Até os travões são fortes e muito progressivos, as suspensões trabalham em uníssono e a eletrónica é perfeita!

Sem complicar, basta escolher o modo off-road e vamos desfrutar. Deixamos de ter ABS na roda traseira e o controlo de tração não existe. Não se pode pedir mais, embora a cereja no topo do bolo seja outra! A escolha do modo de condução, num total de 4 disponíveis, pode ser feita em andamento e fica em memória. Por exemplo, param a moto em modo off-road e quando voltarem a andar é esse que permanece selecionado!

Numa seção mais rápida, apoiados também na confiança que o chassis nos dá, olhamos para o ecrã e percebemos que vamos a velocidades já proibitivas e aí sentimos que o quick shifter, mesmo não sendo dos mais suaves, funciona perfeitamente e melhora as sensações na condução. Diversão em estado puro! Até lá está o cruise control, perfeito para tiradas mais longas.


É de prever que, com esta versão mais radical do modelo, a marca deixe alguns dos seus potenciais clientes num dilema. Qual das duas escolher?

Tuareg 660 vs Tuareg Rally 660

Logo para começar e pensando no vil metal, importa ter presente que as separam quase 2000 euros, não considerando eventuais campanhas! O pvp da versão base é de 12299€ e o da Rally é de 14099€! Ou seja, aqui está uma nítida vantagem para a versão base, até porque a Rally, com as correspondentes despesas, se aproxima perigosamente dos 15000€ e de propostas do segmento acima.

Porém, se for para uma utilização mais intensa, a versão Rally faz todo o sentido e tem ainda a vantagem de o seu motor ter um boost de energia adicional face à versão base (sente-se perfeitamente) e a diferença no equipamento é avassaladora: proteção de cárter mais eficaz, de mãos agora com protetores de alumínio, suspensão dianteira de maior curso, ponteira de escape, estética mais apurada… e um superior valor de venda num futuro mais ou menos distante!

Tudo isto para reforçar que, numa escolha pessoal, a eleita seria sempre a versão Rally, mas nada como testar ambas as versões para tomar a decisão mais acertada, tendo sempre presente também o uso que se vai dar à moto.


No entanto, numa moto com tantos atributos não deixa de haver pequenas oportunidades de melhoria.

A mais flagrante de todas é, provavelmente, o acesso ao filtro de ar. Está bem posicionado, em posição muito elevada e frontalmente ao depósito de gasolina, perfeito para evitar a água e detritos, mas para lhe aceder é necessário retirar 4 parafusos torx, depois o tampão de gasolina, mais 3 parafusos torx e, finalmente, mais 4 parafusos do tipo estrela. Agradecia-se uma solução mais simples e, já agora, um filtro de esponja lavável, mas disso o aftermarket rapidamente se encarrega de apresentar uma solução.

O defletor dianteiro desvia algum vento, mas dada as capacidades turísticas da moto, agradecia-se uma proteção regulável em altura. Para muitos, só resta mesmo ir ao catálogo de acessórios e montar um mais abrangente.

O pedal das mudanças é rebatível, mas o pedal de travão não. Numa pequena queda, por exemplo, em contato com uma pedra, pode ficar inoperacional. Deviam ambos ser rebatíveis.

Os comandos são simples e muito intuitivos e até a tomada USB é de fácil acesso, mas se os comandos dos punhos fossem retroiluminados era uma mais-valia em condução noturna, até porque a iluminação, integralmente em LED, é excelente. Já agora, não existir um comando dedicado para ativar os 4 piscas é algo difícil de perceber. Ativam-se numa travagem de emergência, mas não é possível fazê-lo por meio de um simples botão… que não existe!

Também faz falta um espaço por debaixo do assento para guardar alguns objetos. O mesmo vale para um singelo kit de ferramentas que não vem na moto! A bateria, que é de lítio, tem na sua caixa um espaço que é ocupado por um enchimento aborrachado. Podia ser aproveitado para colocar algumas ferramentas, particularmente úteis para uma utilização mais aventureira. Há concorrentes que trazem um pequeno kit que permite desmontar meia moto, sem grandes conhecimentos técnicos.
Por último, ao contrário da versão base, a Tuareg Rally vem equipada com pneus com câmaras de ar. Percebe-se a opção numa lógica de eventual facilidade na montagem de mousses, mas vai haver sempre quem prefira a simplicidade e conforto de um sistema tubeless.
São pequenos detalhes que em nada ensombram o magnífico conjunto.
Tudo somado, esta Rally tem o essencial para vingar no mercado e é bem provável que se comecem a ver mais a circular, sobretudo nesta versão mais apimentada. Por mim ficava já com esta e ia apenas trocar os pneus para poder usar todo o seu potencial fora de estrada.

Equipamento:

Capacete, óculos e luvas Progrip

Camisola e calças Answer

Botas Gaerne


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