Contraponto Schuberth C5 e Shoei Neotec 3 - Cúmulo do conforto

Os capacetes modulares Schuberth C5 e Shoei Neotec 3 são dois modelos de alta qualidade, referências no segmento de capacetes modulares. Ambos foram projetados para oferecer conforto, desempenho, segurança e funcionalidade para motociclistas exigentes. A sua elevada qualidade de construção, a par com um desenvolvimento cuidado, confere-lhes fiabilidade e longevidade, um fator importante sobretudo para quem pretende fazer longas viagens. Qual deles é melhor?

andardemoto.pt @ 20-5-2025 06:52:00 - Texto: Rogério Carmo | Fotos: Luis Duarte

É uma questão com que me abordam frequentemente e para a qual, realmente, não tenho resposta.A Schuberth e a Shoei são empresas muito diferentes e têm abordagens distintas no fabrico dos seus capacetes, mas a verdade é que estes dois modelos se assemelham tanto que uma escolha não é fácil.

É claro que o leitor pode ser um motociclista movido por uma ligação emocional a uma marca específica. Ou pode ser que a consideração mais importante para si seja que a cor ou decoração combinem com a sua moto.

Mas se quiser aplicar alguma racionalidade à compra do seu próximo capacete modular, terá de admitir que aquilo que é realmente importante é a qualidade, o desempenho aerodinâmico, o nível de ruído, o nível de  proteção e, não menos importante, o conforto. E a verdade é que dificilmente encontrará um capacete modular que preencha estes requisitos melhor do que qualquer destes dois.

Se conseguir aceitar isso, então o fator determinante para tomar uma decisão tem de ser avaliação desde conjunto de características, juntamente com os recursos que cada um deles oferece e, não menos importante, a forma como cada um deles de adapta à sua cabeça, pois é precisamente neste ponto que encontra a diferença mais significativa entre eles.

E isso porque os dois capacetes têm formatos de calota diferentes. O Shoei é mais oval. O Schuberth é mais redondo. No entanto ambos possuem almofadas ajustáveis nas bochechas e forros de cabeça para uma adaptação personalizada, opções que podem não compensar totalmente o facto de os dois capacetes terem formas internas diferentes.

Mas a única maneira de descobrir qual deles é o mais adequado para si, é experimentando ambos e eventualmente pedir à loja que configure o interior para sua cabeça.

Estes capacetes modulares são mais silenciosos do que a maioria dos capacetes integrais, pois têm uma proteção de pescoço e queixo mais justas, o que significa que entra menos ar no capacete. E menos ar a entrar significa menos ruído. 


As calotas mais flexíveis dos capacetes modulares permitem o uso de forros muito maisjustos, pois neste tipo de capacete podemos afastar as laterais para o enfiar na cabeça, retraindo-se estas depois, ajustando-se mais firmemente em redor do pescoço e das orelhas, criando um encaixe perfeito, sem folgas nem consequentes entradas de ar.

Num capacete integral, a maior abertura que permite a passagem da cabeça inviabiliza a utilização de forros tão justos na base da calota. 

Por outro lado, ambos os capacetes são desenvolvidos em túnel de vento para minimizarem o ruído aerodinâmico. Não consegui medidas comparativas dos níveis de ruído em decibéis, mas a Schuberth refere 85 dB a 100 km/h para o C5, numa moto naked (para evitar a variação da turbulência causada pelo ecrã pára brisas que varia de moto para moto).
No entanto o Neotec 3 deixou-me com a sensação que é igualmente silencioso. Mas dependerá sempre da qualidade do ajuste e de quão bem ele sela as entradas de ar ao redor da sua cabeça.

Alguns motociclistas preocupam-se muito com o peso do capacete, embora isso pouca diferença faça para a maioria. Especialmente se estiver a conduzir uma moto desportiva, de turismo ou de aventura, a velocidades legais. O que é importante é a forma como o peso do capacete está distribuído. Mas para efeitos de comparação, ambos de medida M, o Shoei pesou 1860g (1715 sem altifalantes, cablagem e Pinlock) e o Schuberth pesou 1710g (com alto-falantes, cablagem e Pinlock).

Não tendo pesos comparáveis aos de um capacete desportivo, a verdade é que os modulares têm muito mais componentes e por isso serão sempre um pouco mais pesados. Nesse aspeto, a aerodinâmica a alta velocidade é muito mais importante e as horas de desenvolvimento aerodinâmico em túnel de vento refletem-se não só no desempenho, mas também no preço do capacete, sendo estes dois modelos prova disso. 

Muitos também são obcecados com o tamanho do capacete. Para algumas pessoas, as dimensões físicas de um capacete parecem ser importantes. Mais uma vez, este é um daqueles aspetos que não fazem qualquer diferença. 


A aparência do capacete é muitas vezes determinada por algo tão simples como a sua cabeça ser adequada para o tamanho mais pequeno ou maior da calota exterior. E nesse aspeto o Shoei pode eventualmente parecer mais pequeno numa ou noutra medida, porque a sua calota é fabricada em três tamanhos diferentes, enquanto que a do Schuberth é fabricada em apenas dois tamanhos. Mas, como disse, e sob qualquer aspeto, isso não é realmente um problema.

A Shoei oferece diferentes revestimentos para os seus capacetes e, em praticamente qualquer tamanho de Shoei, podemos instalar um forro mais grosso ou mais fino, ou uma almofada de bochecha mais grossa ou mais fina para refinar o ajuste. Mas isto pode não ser suficiente.

O C5 é o primeiro capacete para o qual a Schuberth fornece peças internas intercambiáveis. A facilidade de ajuste personalizado é há muito considerada a chancela de uma marca premium, pelo que a Schuberth incorporou a técnica também no design do C5.

Trocar as almofadas interiores num capacete C5 não é tão fácil como no Neotec, devido às fitas do sistema de segurança anti-rolamento AROS que vão desde a parte de trás do capacete até às almofadas faciais, para evitar que o capacete rode em caso de impacto, para diminuir lesões. Com um pouco mais de trabalho, os revestimentos do C5 permitirão também alterar o formato interior para um melhor ajuste.

Diferenças menos perceptíveis encontramo-las no material da calota exterior. No Schuberth C5, a calota exterior é fabricada com a tecnologia Direct Fibre Processing (DFP), que combina fibra de vidro com reforço de fibra carbono. Por seu lado o Shoei Neotec 3 utiliza o material AIM+ (Advanced Integrated Matrix Plus), uma combinação de fibras orgânicas com elevada capacidade de absorção de impacto, e multicamadas de fibra de vidro.


A Schuberth destaca ainda os turbuladores de viseira, um relevo para criação de vórtices dissuadores de turbulência para evitar o ruído de “assobio” causado pelo embate do vento na extremidade superior da viseira, tornando-a também mais robusta, e o sistema de memória da respetiva posição de abertura (que funciona independentemente da queixeira), além de um filtro de poeiras nas entradas de ar da queixeira.

Relativamente aos sistemas de intercomunicação, o Schuberth C5 tem pré-instalação dos alto-falantes, microfone, antena e respectiva cablagem, tornando a montagem do sistema extremamente fácil. O Schuberth pode ser equipado com equipamento Sena ou, desde recentemente, com Cardo, enquanto o Shoei apenas pode receber o sistema da Sena. 

Em termos de operação o Neotec 3 leva vantagem, porquanto para ligar e desligar é necessário apenas premir um botão. No Schuberth é necessário premir dois botões sendo que a unidade de comando tem uma pequena pilha de duração limitada que quando descarrega tem de ser substituída. Por outro lado, os sistemas de comunicação da Schuberth podem ser facilmente intercambiáveis entre outros modelos atuais da marca, como o E2, S3 ou J2, uma vantagem para quem tem diversos capacetes para diversas utilizações. 

Mas as grandes diferenças ficam-se por aqui.


Ao nível da calota interior, o Schuberth C5 e o Neotec 3, possuem um conjunto de blocos EPS de densidade multipla, projetados para absorção otimizada de impactos.

Ambos apresentam um sistema de ventilação multicanal, com entradas de ar ajustáveis na parte frontal e superior, além de saídas na parte traseira, garantindo um fluxo eficiente, mesmo em situações exigentes fisicamente. Tanto um capacete como o outro são homologados de acordo com a norma ECE 22.06, garantindo altos padrões de segurança. Como modulares, possuem certificação P/J para poderem circular com a queixeira aberta, graças ao seu sistema de travamento. 

Além disso, possuem amplas viseiras de classe óptica 1, com distorção mínima e que promovem um grande campo de visão, facilmente removíveis para limpeza e fáceis de voltar a montar, dotadas de um sistema antiembaçiamento topo de gama Pinlock 120. A abertura da queixeira pode ser feita com apenas uma das mãos.

O sistema de accionamento da viseira solar escamoteável também é fácil em ambos os modelos, feito com o polegar esquerdo e na base do capacete para evitar que se afaste muito o braço da proteção aerodinâmica e a mão do guiador. 


O Schuberth oferece ainda a possibilidade de limitar o curso da viseira de sol, para que não tocar em narizes mais proeminentes.

Os dois modelos também oferecem forros internos, removíveis e laváveis, fabricados em materiais respiráveis e hipoalergênicos. O forro superior da Schuberth distingue-se por permitir uma configuração para inverno ou verão, ajustando-se de forma a tapar parcialmente ou destapar todos canais do ventilador superior. Desta forma, é possível controlar o fluxo de ar que incide diretamente na cabeça, consoante as condições climatéricas – mais fechado em dias frios ou totalmente aberto em dias quentes.

Nos dois capacetes, o sistema de retenção tem sistema de aperto rápido micrométrico.

Opinião: 
O Shoei revela-se sólido e bem construído. Mas o Schuberth não lhe fica atrás. Na minha cabeça, ambos em tamanho M, assentam bastante bem, mantendo-se igualmente silenciosos e confortáveis, fáceis de utilizar.

Pessoalmente encontro os forros do Schuberth ligeiramente mais agradáveis ao toque e com acabamentos mais requintados. Ainda relativamente ao formato, o que noto diferente entre estes dois capacetes é que o Neotec é menos generoso na zona do queixeira, tornando-se um pouco mais claustrofóbico, isto porque, por razões aerodinâmicas, a Shoei deu ao Neotec 3 um perfil de nariz mais plano, o que o tornou visivelmente mais apertado à frente do queixo.

Se tem um queixo ou nariz proeminente, o C5 pode ser melhor para si. Pessoalmente também dou bastante valor ao sistema de segurança AROS e à possibilidade de configurar os forros para verão/inverno.

Relativamente ao isolamento acústico ambos são equivalentes, tal como no que respeita à estabilidade a alta velocidade, mantendo-se ambos neutros, sem tendência para flutuar. As viseiras garantem uma grande amplitude do campo de visão, sem distorções de imagem e as viseiras solares garantem uma boa proteção nos dias de maior luminosidade. Em ambos se pode usar confortavelmente óculos graduados ou de sol.

O funcionamento dos sistemas de abertura e tranca da queixeira são em tudo muito semelhantes, mostrando-se sólidos e fiáveis. A ventilação é generosa em ambos, assim como em termos de qualidade de construção e acabamentos. Em nenhum deles experimentei os sistemas de comunicação.

No que respeita ao botão de abertura da queixeira acho o do Schuberth mais intuitivo e fácil de usar, sobretudo com luvas grossas calçadas. No sistema de retenção não gostei da lingueta metálica do fecho micrométrico do Shoei. Acho a do Schuberth, fabricada em resina, muito mais “user friendly”.

De qualquer forma, ao longo de muitos anos, desde o primeiro Neotec e do primeiro C3 que estes capacetes têm sido os meus companheiros de viagem preferidos. E exceção feita ao C4, que considero ter sido um retrocesso quando comparado com o anterior C3 Pro, que tantos quilómetros partilhou comigo, estes capacetes sempre me proporcionaram conforto sem nunca me terem dado qualquer problema.

Com o Schuberth C5 e com o Neotec 3 os níveis de conforto e segurança aumentaram substancialmente, resta saber se em termos de fiabilidade e longevidade vão ser melhores ou piores que os das gerações anteriores.
Para mais informações sobre o Shoei Neotec 3 e para comprar online, clique aqui. https://www.shoei-europe.com/products/neotec3/

Para mais informações sobre o Schuberth C5 e para comprar online, clique aqui.https://www.schuberth.com/pt/c5
Nota: Agradecemos à Moto Ponto a utilização do seu espaço para a realização do trabalho fotográfico.

andardemoto.pt @ 20-5-2025 06:52:00 - Texto: Rogério Carmo | Fotos: Luis Duarte


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