Teste Neco AleXone 125 - Uma GT simpática
A Neco aventura-se num segmento muito competitivo. A AleXone 125 é uma proposta para aqueles que querem a proteção e dinâmica de uma scooter GT urbana a um preço bem simpático.
andardemoto.pt @ 4-1-2021 20:00:00 - Texto: Bruno Gomes | Fotos: Luis Duarte
Fundada
em 2007, a marca Belga Neco, representada em Portugal pela Motoxpert, tem
vindo a conquistar o seu espaço com propostas de estilo vintage e
inspiração nas clássicas scooters italianas, e mais recentemente apostaram em modelos mais desportivos como a GPX-125 R.
Mas a Neco pretende algo mais, e com a chegada da AleXone 125 acaba por conseguir colocar no mercado nacional aquela que é a sua
primeira scooter GT urbana que, para além de argumentos dinâmicos, tem ainda
um preço muito simpático de 2.499€.
Dotada de um motor monocilíndrico de 125 cc a quatro tempos, com refrigeração
por ar e injeção eletrónica, com apenas 7,6 cv às 7326 rpm e um binário de 8 Nm às 6000
rpm, esta scooter GT da Neco não apresenta grandes argumentos ao nível da
acelerações e recuperações.
O motor esforça-se para conseguir passar a sua força à roda traseira
através da transmissão CVT. Com o “redline” marcado a partir das 8000 rpm, este
motor sente-se confortável quando mantemos a rotação na faixa entre as 6000 e as 7500
rpm. Abaixo disso torna-se mais lento, sobretudo se
transportarmos passageiro e o arranque for a subir!
Por outro lado, a sua transmissão longa torna a Neco AleXone 125 numa scooter
GT capaz de atingir velocidades máximas bem interessantes. Dei por mim a rodar
confortavelmente acima dos 115 km/h com alguma frequência, sem muitas
vibrações, e com o motor a não se mostrar demasiado “guloso”.
Na realidade os 3,8 litros de consumo médio são um excelente argumento, tendo em
conta que o depósito de combustível da AleXone 125 tem uma capacidade de 14
litros. Isso significa que esta GT urbana percorre facilmente perto de 300 km
antes de acender a luz de reserva no painel de instrumentos, totalmente digital e de
boa leitura.
É importante referir que a unidade de teste que nos foi disponibilizada pela
Motoexpert não tinha muitos quilómetros acumulados. Ou seja, tinha apenas uma dezena de quilómetros quando a recebemos. Conforme fomos rolando, a AleXone foi ficando gradualmente mais “solta”, com o motor a mostrar-se mais ativo na resposta aos impulsos no
acelerador. Acreditamos que, com o tempo, esta scooter possa ganhar um pouco em aceleração, sendo que dificilmente ficará ao nível das principais rivais do seu segmento.
Será necessário esperar pela chegada da evolução deste motor, já com
refrigeração por líquido, para que a potência e binário fiquem mais a par do
que a concorrência atual disponibiliza.
Com um design desportivo e com carenagens em plástico de boa
qualidade, o condutor da AleXone 125 ficará satisfeito com o bom nível de
conforto aos seus comandos.
O assento é largo e o apoio lombar muito bom para aquelas tiradas de maior
distância. O passageiro também vai bem sentado, e o encosto é um
componente incluído no equipamento de série que é muito bem-vindo.
Debaixo do
assento seria de esperar um grande espaço de arrumação mas, além do assento abrir pouco, o que dificulta o acesso a este espaço,
encontramos aí e em grande plano a bateria (será que não havia outro local?!). Além disso ainda temos de contar com
dois apêndices de plástico, reforços existentes na parte interior do assento que impedem, por
exemplo, que se guarde uma mochila em posição horizontal.
Sou ainda obrigado também a referir que a qualidade de alguns plásticos, em particular as
coberturas do painel de instrumentos e avental interior, não acompanha o nível
das carenagens. Ásperos ao toque e de aparência frágil. Afinal, o preço
simpático tem os seus custos...
Com muito espaço para as pernas e com o guiador bem posicionado, a não tocar nos
joelhos mesmo quando a direção está totalmente virada para um dos lados, esta
proposta da Neco tem discos de travão em ambos os eixos, e inclui ainda travão
de estacionamento. Neste particular, e tendo em conta que o peso do conjunto é
de 130 kg, o travão de estacionamento é sempre uma mais-valia que permite estacionar em qualquer lugar independentemente da inclinação do piso.
A travagem é um dos pontos mais agradáveis da Neco AleXone 125. O tato nas
manetes revelou-se duro, inicialmente, mas tal como referimos, fruto da
juventude desta unidade de teste. Com o acumular dos quilómetros a travagem ganhou bastante
progressividade e o “feeling” nas manetes modificou-se por completo, tornando-se agradável,
revelando um sistema de travagem eficaz com a distribuição da força de
travagem entre o eixo dianteiro e o traseiro muito bem definida.
A AleXone não tem ABS, mas isso não se mostrou problemático, mesmo nos pisos mais
escorregadios, onde a sua capacidade para travar em distâncias mais curtas é apenas
afetada pela pouca aderência que encontramos nos pneus instalados de fábrica e
que cobrem as bonitas jantes de 14 e 13 polegadas.
E por falar em dinâmica, numa GT, a grande mais-valia é a sua capacidade de percorrer muitos quilómetros
proporcionando conforto ao condutor. Neste aspeto a AleXone 125 não desilude.
Para além do conforto do assento, conforme já referi, destaco a excelente
proteção aerodinâmica, notável mesmo a velocidades mais elevadas. A estabilidade em
linha reta, proveniente da grande distância entre eixos, é assinalável, mas em ambiente urbano não é penalizada na manobrabilidade, sobretudo devido à excelente
brecagem que garante que podemos cortar caminho pelos espaços mais apertados, sem sentir qualquer problema.
Com o assento posicionado a apenas 775 mm de altura, os condutores de estatura
reduzida, que muitas vezes encontram nas scooters GT problemas para chegar com
os pés ao solo, na Neco AleXone 125 não terão qualquer problema.
Fora da cidade, quando a deixamos embalar, a estabilidade desta Neco é o aspecto que se destaca, mas num percurso de curvas encadeadas é o equilíbrio do conjunto que vem
ao de cima. A direção leve mostra-se precisa, com a frente a manter a
trajetória sem grande esforço. É necessário contar com a pouca inclinação lateral, fruto do descanso central instalado muito abaixo, que obriga a definir trajetórias
mais largas para evitar raspar no asfalto.
O comportamento dinâmico simpático da AleXone 125 só não é melhor devido à
escolha de suspensões de qualidade questionável. Tanto a forquilha como os dois
amortecedores traseiros revelam-se firmes,
demasiado firmes, o que penaliza o conforto nos pisos
irregulares.
Veredicto Neco AleXone 125
Em jeito de conclusão sou obrigado a confessar que, olhando para a ficha técnica
e para o preço reduzido, as minhas expectativas em relação à Neco AleXone 125
não eram, à partida, muito elevadas. Mas esta maxiscooter espaçosa e com uma
aparência interessante acabou por me conseguir agradar.
Sim, é verdade que a primeira impressão não foi particularmente positiva, fruto
da unidade de teste estar ainda em rodagem, mas com o passar dos quilómetros a
AleXone 125 mostrou algumas capacidades de scooter GT muito interessantes, embora falhe em alguns pontos
obrigatórios, como por exemplo o espaço de transporte de objetos debaixo do
assento, ou o acondicionamento recolhido da bateria!
Por outro lado o motor já revela a sua antiguidade. Será necessário que a Neco se atualize, com uma unidade motriz mais eficaz, eventualmente com refrigeração por líquido. Diria que, mesmo
mantendo todas as restantes características técnicas (e melhorando as
suspensões) mas adotando um motor com uma potência entre os 12 e os 15 cv, a
AleXone 125 será uma rival bem interessante das restantes scooters GT.
Neste teste utilizámos os seguintes equipamentos de proteção
Capacete – Shark Evo-One 2
Blusão – REV’IT! Horizon 2
Calças – REV’IT! Orlando H2O
Luvas – Ixon Pro Verona
Botas – REV’IT! Mission
andardemoto.pt @ 4-1-2021 20:00:00 - Texto: Bruno Gomes | Fotos: Luis Duarte
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