Comparativo Honda X-ADV 350 vs Peugeot XP400 GT - Pequenas aventureiras
A Honda ADV 350 foi muito bem recebida no nosso mercado, trilhando um caminho de sucesso e cimentando a existência de um nicho que se mostra aprazível a outras marcas. A Peugeot XP 400 GT chega com as garras de fora, confiante nos seus argumentos e cheia de atitude. Uma batalha de scooters na selva urbana.
andardemoto.pt @ 17-10-2023 07:00:00 - Texto: Pedro Alpiarça | Fotos: Luis Duarte
Faça uma consulta e veja caracteristicas detalhadas:
Honda ADV350 | Scooter | ScootersPeugeot XP400 GT | Moto | Maxiscooters
As analogias felinas relacionadas com a marca francesa são intermináveis e demasiado apetecíveis para conseguir ignorá-las. Nas próximas linhas irão encontrar algumas, umas mais ridículas que outras, mas permitam-me deambular num universo onde a diversão e a postura descontraída casa na perfeição com as máquinas em questão.
Tanto a Peugeot XP 400 GT como a Honda ADV 350 são motos que nascem no meio dos tons cinzentos do betão citadino, mas prometem a aventura destemida que nos faz sentir vivos. Quanto mais não seja, permitem a foto instagrâmica no estacionamento poeirento da praia mais próxima. Liberdade sem fim, portanto.
E é neste paradigma de “fuga ao quotidiano” que analisamos a fusão estética que mistura pneus semi-cardados com espaço debaixo do assento para transportar capacetes.
A nova Peugeot XP 400 GT tem pinta de fera. As jantes raiadas são imponentes, não só pela dimensão (temos uma roda dianteira com 17” e um pneu traseiro de medida 160), mas também pelo facto por exibirem uns radicais Pirelli Scorpion Rally STR, num forte sinal da sua polivalente intenção.
Outra das características que impressiona na sua silhueta é a secção traseira. De aspecto pouco convencional, o seu minimalismo esconde um monoamortecedor e apresenta a roda e o escape de forma proeminente, dando a impressão de ter uma gigantesca distância entre eixos (na verdade, tem apenas mais 25mm do que a rival japonesa). São linhas diferentes, desafiadoras e claramente dignas de um olhar mais atento. E quando o fazemos, a qualidade dos pormenores não desilude, bem pelo contrário, nota-se a dedicação da marca francesa em tornar esta scooter num produto sofisticado.
A Honda Adv 350 alinha-se por outras constelações. A sua aproximação estética à irmã 750 confere-lhe um look mais técnico, em que a forma não se desvia muito da função. Aquando da sua apresentação, uma das sugestões feitas aos (impecavelmente disponíveis) responsáveis japoneses, seria a escolha de uma pintura mais radical, talvez numa escolha cromática tricolor desportiva, típica da marca. Conseguiria assim fugir da imagem demasiado “executiva”, dando expressão às suas reais capacidades aventureiras, porque a sua solidez é inegável, desde a estrutura que permite o ajuste do vidro deflector, à qualidade da montagem de todos os painéis.
Este registo mais pragmático, é também demonstrado no ecrã LCD (de 5”, com contraste negativo), cujo posicionamento físico e toda a estrutura da informação, são focados na facilidade de visualização. Quase mimetizando o cockpit de uma moto de enduro, o interface é directo e intuitivo, não faltando a ligação ao smartphone (através da app RoadSync da Honda).
A XP 400 eleva esta capacidade de comunicação para outro nível, conseguindo apresentar navegação “turn-by-turn”. Existe um maior refinamento neste capítulo, com os grandes mostradores analógicos (velocímetro e conta rotações) a enquadrarem um bem desenhado TFT a cores. Parecendo moto de gente fina, os “Uh-lá-la” saem sob forma de gracejos quando observamos a agulha do conta rotações a girar no sentido contrário, e acabamos por ficar com alguma pena de a levar por maus caminhos.
Sabendo que ambas têm uma forquilha invertida de estrutura convencional (com as jarras a começarem na mesa de direcção), ajudas electrónicas ajustáveis (controlo de tracção de dois níveis, comutável), e um guiador largo o suficiente para garantir a estabilidade fora de estrada, era apenas uma questão de tempo até estarem cobertas de poeira. Comecemos, portanto, no seu contexto de utilização mais raro: o fora de estrada.
Aqui entra em palco a principal diferença entre estas pequenas grandes scooters: o seu peso. A Peugeot XP 400 não tem uma relação feliz com a balança, pesando mais de 40 Kg em relação à rival (231 Kg para os 186 Kg da Honda), sendo que tenta compensar este facto com uma maior desenvoltura motriz (36 cv para os 29,2 cv da Honda). A diferença na agilidade é notória, sobretudo quando o terreno exige transferências de massa mais rápidas e reactivas. A ADV sente-se como peixe na água, permitindo ao condutor um maior controlo da máquina nas condições de baixo atrito, chegando mesmo a ser divertida ao ponto de procurarmos subir cada vez mais o nível. Mesmo quando o registo de condução se faz em pé, a posição de pilotagem surge mais natural, potenciando o equilíbrio e a confiança.
No outro lado da barricada, as suspensões da Peugeot têm um comportamento mais refinado e, em conjunto com o seu quadro, oferecem uma sensação de funcionamento consistente e bem plantado. Recorrendo à analogia animal (eu avisei…), a ADV saltita de buraco em buraco com a alegria de uma gazela, ao passo que a XP segue rasteira como um leopardo a preparar a emboscada. No limite, se a primeira requer algum cuidado para não exagerarmos na atitude (sob pena de perdermos contacto com o solo), a segunda exige contenção no aumento de velocidade, tendo em vista a elevada inércia do conjunto.
No que toca à resposta do acelerador, o imediatismo da entrega da Honda torna-a bastante mais divertida, um nervosismo entusiasta que contrasta com a resposta algo amorfa da Peugeot (no que concerne aos baixos regimes). Seria fantástico se conseguíssemos desligar o ABS traseiro em ambas…
Em estrada aberta, estas scooters de média cilindrada revelam todo o seu potencial como hábeis citadinas, onde o seu habitat natural também passa pelas vias mais rápidas. Ambas atingem velocidades de cruzeiro elevadas, e neste registo a Peugeot faz-se valer do seu maior pulmão para ganhar vantagem. Confirma-se a agilidade da Honda nas manobras mais apertadas, mas perde em estabilidade ciclística - marginalmente - para a moto que tem GT no nome.
O facto de podermos ajustar a altura do vidro deflector na ADV 350 dá-lhe também uma ligeira vantagem no que toca ao conforto aerodinâmico. Assim como nos consumos, consequência do menor peso.
Se a capacidade de arrumação é uma característica indelével desta tipologia de motos, a Honda desfere um golpe fatal à sua rival, conseguindo albergar dois capacetes integrais (e mais um par de luvas) debaixo do seu assento. Na Peugeot, apenas um destes equipamentos consegue ser transportado, estando sujeito a alguns malabarismos para vencermos o estreito encaixe da bagageira. Os restantes compartimentos servem para transportar pequenos objectos (como as chaves do sistema Keyless que ambas possuem, por exemplo).
Resta percebermos a diferença de valores por elas pedidos. Pouco mais de 2000 € as separam (Peugeot XP 400 GT desde 8 590 € e Honda ADV 350 desde 6 580 €), isto se não recorrermos ao vasto catálogo de acessórios proposto por ambas. Neste caso específico, não podemos questionar a marca francesa por nos tentar vender “gato por lebre” (foi a última, prometo…), visto que o refinamento do produto e a qualidade de todos os seus componentes enquadra-se com a exclusividade que o seu preço propõe. A agressiva política comercial da Honda é o grande óbice ao sucesso das suas rivais. A ADV 350 faz tudo bem e consegue manter o DNA da família (não deixa de parecer uma “mini X-ADV), tudo isto sem deixar de ser brilhante nos aspectos mais importantes. Gostávamos muito de a ver com uma roupagem menos “séria”, talvez uma edição especial nos faça a vontade…
Faça uma consulta e veja caracteristicas detalhadas:
Honda ADV350 | Scooter | ScootersPeugeot XP400 GT | Moto | Maxiscooters
andardemoto.pt @ 17-10-2023 07:00:00 - Texto: Pedro Alpiarça | Fotos: Luis Duarte
Clique aqui para ver mais sobre: Test drives