Teste Moto Guzzi V7 Stone - Eterna Nostalgia
O aspeto clássico e nostálgico une-se a alguma tecnologia para criar uma clássica moderna mais eficaz. A nova Moto Guzzi V7 Stone não desilude.
andardemoto.pt @ 22-8-2021 10:00:00 - Texto: Bruno Gomes | Fotos: Luis Duarte
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mais moderna que seja, uma clássica moderna tem de contar sempre com o lado
mais nostálgico e que leva os motociclistas a recordarem os bons velhos tempos
dos modelos originais.
Mais de 50 anos depois do lançamento da primeira geração da icónica V7, a Moto
Guzzi continua a reinventar o conceito deste modelo, e a mais recente V7 Stone
mantém essa nostalgia, mas alia-a a elementos mais modernos e até a alguma
tecnologia, tornando-se assim numa moto bem interessante.
A maior novidade é o seu motor. Mantém-se um motor V-twin em posição
transversal, com uma cilindrada que sobe para os 853 cc, e com isso vê a
potência subir nada menos do que 25% em comparação com a anterior V7 III.
Assim, a Moto Guzzi anuncia uma potência máxima de 65 cv às 6.800 rpm (também
disponível versão limitada a 35 kW) enquanto o binário cresce para os 73 Nm às
5.000 rpm.
Neste motor bicilíndrico italiano encontramos no seu interior uma cambota que
foi trabalhada para reduzir o conhecido efeito que sentimos quando aceleramos e
a moto abana de um lado para o outro. A cambota reequilibrada mantém um pouco
dessa característica, embora agora se sinta menos a moto a abanar.
Com 65 cv de potência, não podemos dizer que a nova V7 Stone é um portento. Mas
a verdade é que assim que nos sentamos no assento a 780 mm de altura do solo e
aceleramos estrada fora, é notório que o bicilíndrico em V apresenta uma
entrega de potência mais imediata, particularmente notória a partir das 3.500
rpm, embora isso esteja agora acompanhado de maior quantidade de vibrações que
passam para o condutor através do guiador, elevado e bem posicionado.
Até nos aproximarmos das 5.000 rpm, o motor vai mantendo um fulgor interessante
para uma moto deste tipo, e cada rodar de punho direito resulta num momento de
aceleração em que sentimos a entrega do binário de forma mais contundente. Não
é uma moto para grandes correrias, e a caixa de velocidades, com as cinco
primeiras relações bem escalonadas e engrenagem precisa, requer passagens de
caixa mais tranquilas para que tudo engrene bem.
A 6ª relação existe apenas como “overdrive”, para usar em estrada mais aberta.
Caso o condutor queira ser mais agressivo, existe uma grande probabilidade da
relação não engrenar convenientemente ou encontrarmos ponto-morto. E também de
acionar o controlo de tração (pode ser desligado), que se revelou bastante
intrusivo mesmo em piso seco.
O quadro mantém-se praticamente intocado em comparação com a geração anterior.
A estrutura tubular continua a apresentar uma enorme flexibilidade torsional, o
que resulta numa condução plena de sensações, enquanto a direção se mantém
estável e firme na trajetória definida à entrada da curva.
Convém ter algum cuidado com os ângulos de inclinação, pois a altura dos
poisa-pés ao asfalto é reduzida, e se adotarmos um estilo de condução
agressivo, rapidamente estamos a desgastar não só os poisa-pés como também as
proteções dos coletores de escape.
No eixo traseiro brilha um novo braço oscilante. De dimensões mais generosas e
mais reforçado, serve de apoio a dois amortecedores que também crescem em
dimensões, particularmente ao nível do curso. Em condução, isto significa que a
nova V7 Stone se revela mais complacente com as irregularidades do asfalto, o
que permite desfrutar de uma condução confortável.
Até porque o assento com um acabamento aveludado é bem almofadado e de cor
contrastante com o conjunto garante uma imagem bem nostálgica.
A V7 Stone entra em curva com bastante facilidade, e agora com a ajuda da
potência extra, temos também a capacidade de acelerar mais rapidamente na saída
da curva. Convém ter em atenção alguma instabilidade provocada pelo acelerador
de tato mais direto do que o desejável, particularmente nos primeiros momentos
do seu curso.
O ideal será o condutor ser mais progressivo na forma como roda o punho direito,
e assim que sente o motor V-twin italiano ganhar velocidade, então sim,
acelerar de forma mais contundente.
Com 218 kg de peso a cheio, a Moto Guzzi V7 Stone não é propriamente uma moto
leve. Para extrair dela o seu máximo potencial será necessário esforçarmo-nos
um pouco mais do que o habitual. Particularmente nas trocas de direção.
Não só as suspensões de afinação mais suave têm de trabalhar arduamente para
aguentar as transferências de massas de um lado para o outro, como também a
jante dianteira de 18 polegadas torna a direção um pouco menos rápida de
reações. Por outro lado, e contando com uma generosa distância entre eixos, a
estabilidade em linha reta é exemplar.
A travagem é exatamente aquilo que esperamos encontrar numa clássica moderna.
Um disco em cada eixo, com 320 mm à frente e 260 mm na traseira, pinças Brembo
para uma mordida mais forte e consistente, e ABS para ajudar a digerir a falta
de aderência. Ao nível da travagem não há muito a dizer da V7 Stone.
Funciona tudo como deve funcionar, a potência de travagem disponível é
suficiente para uma moto que não está pensada para alta velocidade, e acima de
tudo essa potência é disponibilizada de forma bastante progressiva, mas sem
oferecer um tato esponjoso na manete.
Não posso também deixar de referir, e porque estamos perante uma clássica
moderna, que a V7 Stone dá uso a um sistema de iluminação LED, onde se destaca
o efeito bem conseguido da luz diurna bem a meio da ótica dianteira.
Mais acima, o painel de instrumentos totalmente digital inclui boa quantidade
de informação, e que está facilmente visível, mesmo quando a luminosidade
exterior é intensa.
Veredicto Moto Guzzi V7 Stone
Num segmento recheado de muitas propostas dos mais variados fabricantes, a Moto
Guzzi continua a ter na nostálgica V7 Stone uma opção sólida, bem construída,
com detalhes interessantes como o acabamento das aletas do motor ou o depósito
de combustível esguio e com laterais perfeitas para encaixar as pernas.
O novo motor Euro5 mostra-se bem-adaptado às necessidades da V7 Stone. Enérgico
“q.b.”, contido nos consumos, fiável, e com um caráter que não deixa ninguém
indiferente.
Esta confortável italiana está cada vez melhor, bem equipada para o patamar de
preço a que está disponível nos concessionários, e mesmo a versão base Stone
que aqui testamos permite uma personalização ao gosto de cada cliente.
Neste teste utilizámos os seguintes equipamentos de proteção:
Capacete - SMK Retro
Blusão - REV'IT! Hoody Stealth
Calças - REV'IT! Orlando H2O
Luvas - Furygan Spencer D3O
Botas - TCX X-Blend WP
Galeria de fotos Moto Guzzi V7 Stone
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