Teste Kawasaki Z E-1 / Ninja E-1 - Revolução Elétrica
As primeiras motos elétricas japonesas (não scooter) chegaram ao mercado nacional pela mão da Kawasaki e vieram para revolucionar a mobilidade urbana. Fomos testá-las.
andardemoto.pt @ 8-1-2024 16:15:19 - André Sanches
Até aos dias de hoje, as marcas japonesas pareciam adormecidas no segmento de motos elétricas não scooters, mas todas têm vindo a desenvolver estudos e testes para nos entregarem produtos maduros, práticos e fiáveis, como a Kawasaki fez agora com a nova naked Z e-1 e a nova desportiva Ninja e-1.
Enquanto se acredita plenamente que o futuro da mobilidade está nos veículos elétricos, a Kawasaki adiantou-se e apresentou-nos dois modelos, equiparados a uma moto com motor térmico de 125cc, que trazem algumas características que as destacam das demais motos elétricas.
Um dos primeiros truques da casa de Akashi é a potência produzida pelo motor elétrico de 7 cv, que à primeira vista nos soa a pouco, comparativamente aos 15 cv disponibilizados por alguns modelos equivalentes com unidade motriz de combustão interna da Kawasaki, mas ao experienciarmos esses mesmos 7cv ou os 12cv, disponibilizados pela função Eco Boost, mudamos rapidamente de ideia.
Uma entrega suave da potência ao longo do regime, com um imediatismo viciante na resposta ao nosso punho direito graças aos 40,5 Nm de binário disponíveis desde cedo, entre as 0 e as 1,600 rpm, enquanto a Kawasaki Z125 e a Ninja 125 oferecem apenas 11,7 Nm de binário e só às 7,700 rpm.
Contudo a Z e-1 e a Ninja e-1 nasceram essencialmente para os trajetos urbanos. Focadas numa condução mais confortável, com fácil acesso do solo para os motociclistas com uma estatura média e um desempenho mais que capaz de satisfazer as necessidades, mesmo nas ultrapassagens mais difíceis, nas quais nos podemos socorrer do interessante modo Eco Boost, bastando apenas carregar no botão dedicado no comutador direito. O efeito durará até cerca de 10 segundos, levando-nos a atingir velocidades a rondar os 100 km/h. No entanto esta funcionalidade não pode ser usada consecutivamente. Caso se gaste toda a capacidade do boost, que é assinalada no painel de instrumentos, é preciso esperar uns minutos para que este volte a ficar disponível. No entanto raramente é necessário gastar toda a carga do Eco Boost para fazer uma ultrapassagem, podendo com uma boa gestão e sem exageros conseguir-se manter esta funcionalidade sempre disponível.
O baixo peso destes modelos também acaba com o mito de que as motos elétricas são pesadas, com aZ e-1 a registar apenas 135kg contra os 140kg da Ninja e-1.
Como referi anteriormente, o objetivo destes dois modelos é a condução citadina e para tal não faria sentido uma grande autonomia, prejudicando dessa forma o tempo de carregamento, o peso e o tamanho das baterias. Ambos os modelos anunciam capacidades para percorrer aproximadamente 72 km com as duas baterias carregadas, isto dependendo muito, claro está, da nossa agressividade na condução, tal como nas motos de combustão interna, sendo que a marca anuncia um consumo elétrico de 49 Wh/km (WMTC).
No modo ECO a velocidade fica limitada a 64 km/h e sobe até aos 75 km/h com recurso ao e-boost. Em modo ROAD a velocidade máxima sobe para os 88 km/h com um pico de 99 km/h com o e-boost.
Ao invés de uma bateria, a Kawasaki optou por duas, por uma questão de praticidade. Isto porque além de as baterias poderem ser carregadas directamente na moto, também podem ser carregadas fora dela, e o facto de serem duas, facilita o seu transporte, distribuindo o peso igualmente para cada uma das nossas mãos. Com um peso de 11,5 kg cada, estas são as baterias para motos mais leves até à data.
Visto que a maioria dos motociclistas que circulam em cidade diariamente não podem fazer o carregamento das baterias diretamente na moto, pela ausência de uma garagem, a Kawasaki solucionou desta forma essa problemática ao colocar uma ficha de carregamento em cada uma das bases das baterias que se ligam diretamente à tomada através do carregador específico entregue com a moto. Existe ainda a possibilidade da aquisição de uma doca dupla para maior praticidade ou simplesmente utilizar a ficha colocada sob o assento do passageiro. De qualquer forma, a velocidade de carregamento (dos 0 a 100%) é de 3,7 h por bateria.
As baterias são de fácil remoção e colocação no seu “depósito” e um pequeno visor indica a carga existente em cada uma delas. Por cima delas existe espaço para arrumação do respetivo carregador.
Sentado na Kawasaki Ninja e-1 pronto para iniciar a marcha procurei, instintivamente, a manete da embraiagem (que também não existe na Z e-1). Para arrancarmos é somente necessário carregar no “botão de arranque” que é partilhado com o de corte de corrente e teremos de seguida a indicação “D” (Drive) no painel de instrumentos em vez do “N” (neutro). No comutador esquerdo podemos alternar entre os modos Eco e Road, e ainda selecionar o modo Walk para realizar manobras a baixa velocidade para a frente e também para trás, enrolando o punho do acelerador no sentido inverso.
Além disso, no painel de instrumentos TFT a cores, conectável à aplicação disponibilizada pela Kawasaki, é ainda possível ter acesso ao nível de carga das baterias (que vão gastando equilibradamente), à temperatura das mesmas e à autonomia restante.
Independentemente do aspecto desportivo dos modelos elétricos da Kawasaki, a posição de condução é bastante aceitável e chega a ser muito confortável devido ao assento de qualidade e às suspensões afinadas no ponto certo para as deslocações diárias, inspirando confiança e conferindo uma boa leitura do asfalto através das rodas de 17 polegadas.
Durante a condução, tanto a Kawasaki Ninja e-1 como a Z e-1 exibiram um dos seus pontos mais importantes para uma condução despachada nas grandes urbes: a agilidade. Em constante funcionamento com as suspensões, a travagem que apresenta uma boa dosagem e intensidade de mordida, sempre auxiliada pelo sistema ABS, e o baixo peso do conjunto, conferem uma grande agilidade a ambos os modelos, além de tornar a condução mais fácil por entre o trânsito.
As diferenças entre a Ninja e a Z resumem-se a uma carenagem frontal aerodinâmica na Ninja e-1 e a um guiador que nos coloca o tronco ligeiramente mais debruçado sobre o eixo da frente, face à naked Z e-1.
Para terminar, um facto curioso é a necessidade de substituição regular do óleo, como numa unidade motriz de combustão interna, mas que neste caso se destina a reduzir o desgaste causado pela fricção entre as engrenagens existentes no interior do motor.
O preço algo contido da Z e-1: 8,790€ e da Ninja e-1: 9,390€, reflete o facto de serem um produto totalmente revolucionário que oferece uma boa qualidade a par com uma condução extremamente divertida. A espera valeu, e continuará a valer, a pena, e agora estamos de olhos postos é nos modelos híbridos Z7 e Ninja 7, que incluem duas unidades motrizes: um motor bicilíndrico de combustão interna com 451 cc, arrefecido a líquido, que produz uma potência de 58 cv, e um motor elétrico com um potência máxima de 9 kw (12 cv), modelos que estão previstos chegar a Portugal já nos primeiros meses de 2024.
andardemoto.pt @ 8-1-2024 16:15:19 - André Sanches
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