Susana Esteves

Susana Esteves

Jornalista e motociclista

OPINIÃO

Oitos: o bicho mau das aulas de condução

Mas quem é que inventou que precisamos de fazer oitos com a moto para sabermos conduzir? Quem é que teve a brilhante ideia de incluir isto nos exames de condução? Quem é que realmente acha que este pequeno número de circo serve para alguma coisa na vida real? Não podemos antes fazer 8 vezes o número 1?  Ou um S?

andardemoto.pt @ 6-6-2019 14:30:00 - Susana Esteves

As aulas de condução de moto são divertidas e motivantes até o instrutor dizer: “hoje vamos fazer oitos”. Para quem está ainda a tentar dominar a coordenação – pé e mãos –  só a explicação assusta. Mas o pior está para vir. Cerca de 5 segundos depois de tentarmos pôr em prática, pela primeira vez, estes ensinamentos, percebemos que esta fixação pelos oitos só nos vai dar uma destas coisas:

- Muitas quedas.

- Um chumbo no dia do exame.

- Um conjunto de figuras tristes que escolhemos omitir sempre que falamos das aulas aos amigos e familiares.

- Muito trabalho (esta é a mais otimista).


Pior. Quando achamos que já dominamos os oitos naquele espaço de dimensão generosa, nos sentimos orgulhosos por realizar tamanha proeza, e esperançosos para o exame final, o instrutor (um porreiro) diz: “Agora vais fazer isso na estrada.” E de repente nunca uma estrada pareceu tão estreita. Os passeios parecem aproximar-se sempre que viramos (só para nos tramar) e voltamos às quedas, aos desequilíbrios e ao número de circo deprimente. É claro que a maior parte das motos de instrução também não ajudam. As barras que as escolas colocam fazem milagres e evitam várias visitas à oficina, mas comprometem imenso o equilíbrio deste veículo.

Se só queremos aprender a conduzir e circular a direito na estrada, por que raio temos que aprender isto? Vamos andar aos Ss na estrada?


Na verdade os 8s foram criados para treinar o equilíbrio e o controlo da embraiagem e dos travões. Podiam ter tido uma ideia melhor? Talvez, mas este exercício obriga a uma coordenação muito grande que acaba por nos ser útil em algumas manobras do dia-a-dia.  

Por regra, no final todos conseguem fazer esta proeza. Existem truques que ajudam a realizar a manobra mais facilmente: posição do corpo, olhar para onde quer ir e nunca para baixo nem para o pneu frontal, usar o travão e pé ou manter o travão de mão muito leve, etc. Acima de tudo deve encarar o oito como um desafio – porque quer queira, quer não, vai ter que o fazer no exame de condução.

Esta manobra não é uma dor de cabeça para todos. Há quem a faça rapidamente “com uma perna às costas”, há quem a registe para sempre na memória pelos momentos hilariantes/deprimentes que proporcionou, e há quem a culpe pelo chumbo. O truque é: nunca desistir.

Boas curvas

andardemoto.pt @ 6-6-2019 14:30:00 - Susana Esteves

Outros artigos de Susana Esteves:

Tinder do Asfalto: Como as motos são ímanes perfeitos para o coração (ou para os órgãos que quisermos)

Anda meio mundo a tentar lixar a vida a outro meio

Estacionamento para motociclos: um presente querido ou envenenado?

5 presentes para pedir ao Pai Natal

Motociclista moderno ou purista?

O belo som do alcatrão a rasgar a pele

Sem rumo…

E se pudéssemos calar toda a gente com a desculpa perfeita?

Guerra dos sexos

E se o Pai Natal largasse o trenó e fosse de moto?

Guerra, peixe e paralelos

Velha não! Vintage.

Velocidade máxima e chinelo no pé

Quando for grande vou ter…

Façam o que eu digo, não o que eu faço

E tudo o vento quase levou!

Fora da estrada e da minha zona de conforto

Telemóvel: perigo de morte

A irmandade do asfalto

Não vás às cegas que podes desiludir-te

Os motociclistas e a matemática

Quer a moto? Não vendo a mulheres!

Diz-me o que conduzes, dir-te-ei quem és

Viajante solitário

Uma mota partilha-se?

Perco a cabeça ou arrisco perder a cabeça?

Os estafetas das empresas de entregas são ninjas?

Com curvas ou sem curvas

Partida. Largada. Tudo a tirar o pó dos punhos!

Mitos, ditos e mexericos

Quatro patas em duas rodas

Equipamentos que não precisamos, mas que depois não podemos viver sem eles

Quer uma moto? Tire senha e aguarde a vez

Quem arrisca… às vezes petisca o que não quer

Mulheres motociclistas nas compras? Não há opções, não há vícios.

Amor sem idade

Automáticas: sim ou não?

Vendo, não vendo. Vendo, não vendo

Podia ter sido o dia perfeito… não fosse o raio da porca

Próxima paragem: (A definir)

Arrisco a multa ou arrisco o encosto?

A paixão pelas motos passa com a idade?

Motoclubes: esses antros de má vida

Cuidado!! Motociclos aumentam risco de sociabilidade

Quem corre por gosto…

Problemas na mota? Eis o manual de sobrevivência!

O vírus do motociclista virgem

Oitos: o bicho mau das aulas de condução

Proibição de andar de mota: como sobreviver à ressaca

A minha primeira vez

A melodia de um belo ronco

Filho de peixe não sabe nadar porque eu não quero!

Foge que é pendura!

Mota roubada, trancas à solta

Viagens longas de 125: há rabo que aguente?

Andar de mota: o lado menos sexy da coisa

Motociclista: esse bicho raro

Sexo, motores e pecado

Afinal somos grandes (mas só na altura de pagar)

Inverno em 2 rodas

As regras são para…

Inteligência ou mariquice?

Férias em duas rodas - Não negue à partida uma experiência que desconhece

Férias em duas rodas - Não negue à partida uma experiência que desconhece

Falta-nos um “bocadinho assim”…

Segurança ou liberdade?

Motoshow 2017: É pró menino e prá menina

O tamanho importa?


Clique aqui para ver mais sobre: Opiniões