Susana Esteves

Susana Esteves

Jornalista e motociclista

OPINIÃO

Diz-me o que conduzes, dir-te-ei quem és

Será que conseguimos traçar o perfil de alguém pela moto que conduz?

andardemoto.pt @ 23-1-2022 18:00:00 - Susana Esteves

Talvez não, até porque a moto que conduz pode não ser necessariamente a moto que gostaria de conduzir.

É que, ao contrário de muitas outras, a relação entre moto e motociclista não precisa apenas de uma paixão intensa para o - “e viveram felizes para sempre”. Paixão temos com fartura, o que muitas vezes nos falta é o dinheiro.

Se alguém só tem dinheiro para uma 125, ou para uma 500 em 3ª mão, mas vive secretamente apaixonado por uma desportiva “intensa” e cheia de curvas, qualquer perfil é mal traçado.

Mas e se conhecêssemos os desejos mais secretos dos motociclistas? E se dinheiro não fosse problema? E se a pergunta fosse: com quem trairias a tua moto? Conseguíamos neste caso traçar o perfil de alguém?

Os que gostam de motos de Touring são tipicamente mais velhos, privilegiam as viagens, o conforto, a classe e o estatuto. Os motociclistas das desportivas são habitualmente mais jovens, os aceleras, os que valorizam o estilo, que vibram com a velocidade, que gostam de impressionar. Os que preferem os modelos off-road são os imprudentes, os viciados na adrenalina, os radicais, os aventureiros com uma dose de loucura. Os das Custom são os do estilo, da elegância, que gostam de ser diferentes, o centro das atenções e da inveja. Os das scooters os homens e mulheres de família, que gostam das duas rodas, mas que são prudentes, mais conscientes, que têm sempre algum medo ou respeito, que têm filhos, que receiam subir de CC.

Ou será que nada disto faz sentido. Se calhar, os que têm os modelos Touring ou de Aventura são aqueles que estão financeiramente confortáveis e têm dinheiro para as comprar e manter, e fazem uma viagem uma vez por ano. Os que têm as desportivas são os que querem impressionar as miúdas ou miúdos, os que ainda têm “sangue na guelra” e coluna para aguentar aquela posição de condução durante mais de 1h seguida a alta velocidade. Os das scooters são os que têm bolsos menos fundos e precisam de algo altamente económico e funcional, que ainda assim permita terem um “cheirinho” do universo motard. E os das off-road… bem, esses se calhar são mesmo os viciados na adrenalina, os radicais e aventureiros com uma dose de loucura.

Os estereótipos que existem no mundo dos enlatados – mercedes é carro de velho, desportivos é carro de cromo ou de “gajo em crise de meia idade” – também existem no universo das motos. Mas fazem sentido?

Eu gosto de naked/street, mas adoro viajar para longe e tenho, infelizmente uma daquelas carteiras totalmente incompatíveis com grandes consumos de gasolina. Isso faz de mim o quê? Um poço de incompatibilidades?

 - Uma motociclista que adora viajar, mas que escolhe as motos mais desconfortáveis para o corpo e imperfeitas para topcases e semelhantes. Que não tem dinheiro para sustentar os motores devoradores de gasolina das suas motos preferidas, mas que não consegue render-se aos encantos de uma confortável e mais equilibrada moto de Aventura – quando na verdade o que gosta mesmo é de aventura?

Afinal podemos ou não traçar o perfil de um motociclista pela moto que conduzem?

Boas curvas

30-09-2021

andardemoto.pt @ 23-1-2022 18:00:00 - Susana Esteves

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