Susana Esteves
Jornalista e motociclista
OPINIÃO
Motociclista moderno ou purista?
Apetece-me comprar uma moto!
andardemoto.pt @ 22-9-2024 12:30:00 - Susana Esteves
Não tenho nem dinheiro para isso, nem necessidade de uma moto nova, mas apetece-me muito. E como tal, quando os apetites surgem, a tendência é olhar mais atentamente para tudo o que mexe (leia-se, de 2 rodas e “alguns” cavalos).
Mas dei por mim a pensar, se dinheiro não fosse um problema, que moto escolheria? Uma mais moderna e muito bem equipada tecnologicamente. Uma clássica, pura e linda. Ou um misto?
Atualmente, temos motos mais inteligentes que o comum smartphone. A BMW R 1250 RT, por exemplo, coloca-nos à frente um ecrã enorme, cheio de avisos e alarmes, tem controlo de velocidade de cruzeiro adaptativo e até um sistema de deteção de colisão. É basicamente como viajar com a mãe ao lado...
A Ducati Multistrada V4 tem funcionalidades de segurança assistidas por radar, inúmeros sistemas eletrónicos de ponta e até controlo por voz.
Acredito que há algo nas motos que mexe com a alma. O rugido do motor, o vento, a ligação nua, crua e sem filtros entre o condutor e a máquina. Será que tudo isto não vem “estragar” esta ligação, ou é algo que vale a pena, mais não seja por tornar a condução mais segura e mais acessível para todos?
Até um estudo da Comissão Europeia diz que as caraterísticas de segurança avançadas dos motociclos podem reduzir os acidentes até 20%.
Mas depois, há o outro lado da moeda. Os puristas não querem motociclos “inteligente”. Moto que é moto não tem mudanças automáticas, é simples, barulhenta e robusta. Ninguém precisa de um ecrã para saber a que velocidade vai, ela sente-se nos ossos, nem de sensores que avisam dos radares, as multas aparecem depois.
Isto parece discurso de velha, mas não é. Sou muito techie em quase tudo, mas acredito que há laços difíceis de cortar. Se a tecnologia nos traz mais conforto, maior segurança na estrada e até nos permite poupar em combustível, porque não? Mas onde está a linha que separa? O tal meio-termo onde conseguimos o melhor dos dois mundos?
Será que precisamos de inovações? Dão jeito, não podemos negar. Mas precisamos delas? Provavelmente não. Porque quando à nossa frente está apenas a estrada, a única coisa que realmente importa é a viagem em si. E isso, meus amigos, é algo que nunca vai mudar.
Por isso, um brinde à estrada, à viagem e ao que o futuro nos trouxer. Se calhar poucos têm a sorte de ter a moto dos seus sonhos. Mas no final do dia, não se trata do que está entre as pernas - trata-se do que sentimos no coração (juro que não li nada disto numa porta de WC).
Ou seja, de forma menos poética e mais crua: com tecnologia ou sem, rodem punho, sejam livres, vivam ao máximo.
Boas curvasandardemoto.pt @ 22-9-2024 12:30:00 - Susana Esteves
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