
Susana Esteves
Jornalista e motociclista
OPINIÃO
Velha não! Vintage.
O que sinto mais falta nas férias é da moto.
andardemoto.pt @ 2-11-2022 09:00:00 - Susana Esteves
Mas não andas o ano todo? Sim! Mas durante o resto do ano tenho menos tempo para andar por mero prazer. Tenho menos tempo para apreciar, de forma totalmente despreocupada, toda a paz e satisfação que as duas rodas oferecem. Aproveitar o calor, as curvas, a ausência de trânsito compacto e (mais importante) a inexistência de horários.
Dois problemas:
Trazer família, malas e cão na moto não dá jeito.
Ter uma moto no meu spot de férias apenas para as poucas semanas que cá venho parece-me desajustado. Ainda assim, a minha “crise de meia-idade” precoce aparece todos os anos, mais ou menos por esta altura, só para me desencaminhar.
As motos clássicas sempre me atraíram. Zundapp, Casal Boss, Sachs e tantas outras são caras para quem as procura como motos vintage, restauradas, mas são usadas como veículos de trabalho (literalmente) todo-o-terreno por quem vive nesta zona.
E quando procuramos um bom negócio o conceito é simples: procura uma moto velha ou vintage?
Não é igual?
Não!!
O conceito de vintage vale mais uns milhares. É muito mais “IN”, mais estiloso e elegante. O conceito de velha é chunga, mais barato, isento de padrões de qualidade.
É verdade que, em muitos casos, a vintage está bem cuidada e a velha não. Mas vale a diferença de preço?
Nem sempre. Há muita venda de gato por lebre. Modelos com peças de origem (vindas da China no contentor que chegou o mês passado), em perfeito estado (para estar em exposição, não para andar) e poucos quilómetros (desde a última vez que o conta-quilómetros foi manipulado).
Não deixa de ser irónico que o valor das coisas depende sempre de como as vemos.
Quem procura uma moto vintage dá valor e nem se importa de investir um pouco mais, de procurar, pensar, investigar, pedir várias opiniões ou mesmo levar a especialistas.
Quem as tem, com as caixas de fruta amarradas atrás a servir de top-case, dá-lhes um valor diferente – são importantes ferramentas de trabalho que os acompanham há anos. São aqueles que respondem:
- “A minha moto é linda? Oh menina, é moto de trabalho. Tem mais de 40 anos, está velha, enferrujada, mas nunca me deixou ficar mal”.
Ainda não foi desta que a crise de meia-idade ganhou. Com o passar do tempo a minha capacidade de luta vai diminuindo, portanto, talvez para ano vos conte como fiz um grande negócio… (ou não).
Boas curvas.
andardemoto.pt @ 2-11-2022 09:00:00 - Susana Esteves
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