Adelina Graça
Duas rodas, duas asas
OPINIÃO
Andar de barco
Vamos lá andar de barco… Como todos sabemos, andar de moto há muito que deixou de ser um exclusivo dos homens, e se isso se coloca em relação às máquinas, igualmente se coloca em relação às viagens.
andardemoto.pt @ 27-10-2022 08:30:00 - Adelina Graça
Viajar de moto não é assim tão difícil, dependendo do que queres fazer, com algum planeamento e, naturalmente, algumas regras e dicas, consegues chegar a qualquer lado.
Mas para chegar mais longe precisas de usar uma das experiências que, confesso, era um poço de ansiedade.
Neste artigo falar-vos-ei da minha experiência com os ferry e do que aprendi, depois de tanto subir e descer de moto, nos mais variados monstros flutuantes.
A experiência do ferry é sempre um misto de ansiedade, tensão e, claro, felicidade. Porque representa sempre a partida para o desconhecido.
A primeira coisa que percebi é que a dificuldade pouco tem a ver com o tamanho do bicho, mas sim com o tipo e a inclinação da, ou das, rampas de acesso.
Claro que haverá motociclistas muito mais experientes para falar do que eu, mas, depois das experiências que já tive, e já foram algumas, posso ousar dar-vos umas dicas.
A primeira é calma, sim, calma! Podes estar uma hora à espera de entrar no barco, com 20 ou 30 motas à tua volta, dezenas de carros e camiões, quando chega a hora de sair do parque para subir as rampas acontecem duas coisas. A primeira é que alguns dos motociclistas que ali estão arrancam para as rampas como se estivessem numa prova de motocross e, talvez por esse facto, os funcionários do barco acham que tu deves fazer o mesmo. Não!
Paguei o bilhete e fiz o “check in” tudo certinho, por isso, agora, vão ter que me aturar, ao meu ritmo!!!
Não vale a pena subires primeiro, haverá sempre espaço para ti.
Segundo, as rampas.
Como me ensinou um amigo que anda nisto há muito tempo, sobes a rampa quando não houver ninguém na mesma! Seja ela a primeira, a segunda ou até a terceira rampa, como acontece no Cruise Roma ou Barcelona.
Subir as rampas sob o risco de teres de parar a meio por causa de outro veículo, ou por causa de um objeto de carga que caiu é colocares a tua segurança em risco, imagina parar sobre aquele piso escorregadio ou arrancar depois com a carga que levas, esquece! Por isso, aos stressados dos funcionários do barco eu digo com toda a calma, “just a minute!”.
Depois de rampa livre, arrancas sem hesitações, colocas os olhos no fim da dita e só paras em plano. As rampas não estão preparadas para as motos, ou vais por cima da malha que provoca desvios da direção ou vais pelo meio liso e sentes o escorregar da traseira. Por isso, para subir em segurança não podes hesitar, manténs uma velocidade constante até ao fim.
Uma vez lá em cima, junto do parque das motos, o melhor é manobrar a moto à mão, o piso do barco é um pouco escorregadio, por isso, nada de manobras ousadas e sempre cuidado com o apoio do pé, é sempre preferível manobrar a moto com calma. E não te esqueças que já lá estás, por isso não ficas em terra.
Depois de chegar ao destino, a regra é a mesma. Por norma, deixo os stressados, os carros e alguns camiões saírem, depois desço com calma e com as rampas livres. Uma regra básica, mais vale perder algum tempo e sair em segurança que meter-se na confusão e correr riscos.
Depois de algumas experiências, e apesar de hoje me sentir bastante mais à vontade com os ferry, continuo a ter respeito pelas regras. O maior erro que se pode cometer é entrar em stress e correr para o risco.
Com calma tudo se faz na boa! Depois é desfrutar da viagem, afinal, a melhor coisa que se pode sentir quando se sobe para um ferry é adormecer com a nossa motinha no porão e sentir que amanhã estarás num porto qualquer, pronta para enfrentar o desconhecido.
E depois de desembarcar, como será o novo mundo?????
andardemoto.pt @ 27-10-2022 08:30:00 - Adelina Graça
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