OPINIÃO

A Cidade

Visto que estava o extremo sul da província de Almeria e depois de uma noite mais ou menos descansada em Nijar, era hora de levantar ferro e rumar a Baeza.

andardemoto.pt @ 18-10-2022 12:01:04 - Adelina Graça

Não sem antes tomar um belo pequeno-almoço. Para tal, levantei-me bem cedinho e lá fui a um daqueles cafés de esquina comprar um pão com manteiga. Era, talvez, a única coisa que havia na ementa e compreende-se porquê. Tratou-se de um pão com margarina cuja validade ocorreu aquando do cerco de Almeria, ou seja, em 1309. Se na altura o Jaime II tivesse usado o pão como arma de arremesso, o desfecho da batalha teria sido diferente. Talvez pelo elevado valor histórico do mesmo, levaram-me 10 paus por aquele miserável pedaço de rocha composta.

De barriga obviamente vazia lá arranquei para Baeza, voltei às estradas de montanha cuja circulação se faz pelo meio, ou não fossem os precipícios continuarem a acompanhar-me.

A paisagem vai-se alterando dramaticamente e quando chegas ao Parque Natural de las Sierras de Cazorla, a paisagem é impressionante. Trata-se de uma reserva da Biosfera classificada pela UNESCO e é o maior espaço protegido de Espanha e o segundo maior da Europa.

Cheguei a Baeza bastante cansada, mas antes de procurar um hotel, parei num pequeno café para beber um refrigerante fresco. Foi quando pensei em exercitar o meu espanhol junto de uns motards e perguntar onde ficava um hotel no centro, que permitisse guardar a moto. Ainda não tinha aplicado os meus dotes de espanhol já o espanhol estava a falar português.

Baeza é uma cidade maravilhosa, Património Cultural da Humanidade, com uma forte influência árabe. É também conhecida pela produção de azeite e isso liga-a de imediato à minha terra. Palavra puxa palavra e “Voilá”, o espanhol tinha trabalhado em Serpa, e sim, conhecia alguns dos meus amigos.

Acabei a tarde a relembrar alguns deles, como o Mundo é realmente pequeno.

Depois disso, o simpático espanhol lá me encaminhou até ao hotel na sua Naked endiabrada que, àquela hora e depois de tanto cansaço, tanto me custou acompanhar.

Arrastadas que foram as malas até ao quarto, banho tomado e um jantar bem refastelado no centro da praça principal da cidade, acompanhado de um bom tinto para as dores nas cruzes, estava feita mais uma etapa pela Andaluzia.