
Adelina Graça
Duas rodas, duas asas
OPINIÃO
Butrint Ferry
Para terminar a epopeia pela Albânia, vou falar de algumas das muitas particularidades do pequeno país aos pés do Adriático.
andardemoto.pt @ 9-3-2024 12:30:00 - Adelina Graça
Após a passagem pela Grécia e no caminho para Durres, para nova travessia do Adriático, vamo-nos surpreendendo com a paisagem natural, onde a terra desaba sobre o mar sereno de águas límpidas.
As praias são um requinte e ainda conseguem fugir ao turismo massivo, um deleite para aqueles que, como eu, adoram uma bela sessão de “lagartagem” ao sol.
Mas claro, as particularidades deste pequeno País têm mais a ver com o passado atribulado que deixaram marcas na paisagem e, desde os bunkers tradicionais que já havia falado em textos anteriores, somos ainda surpreendidos um enorme túnel escavado na montanha que mais não é que um bunker de submarinos.
Falar-vos-ei então do Parque Natural de Butrint a poucos quilómetros da Grécia, o parque nacional está classificado pela UNESCO e exibe um conjunto de ruínas que representam cada fase do período histórico desta atribulada Nação. É um local arqueológico dos períodos Grego e Romano, com destaque para o teatro romano, para a basílica e para a Ágora colunada da época grega (Praça pública).
Mas o que eu não esperava era a forma como haveria de lá chegar.
Quando a estrada SH81 chega ao fim, dou de caras com um canal do lago Butrint que é preciso atravessar, mas não há ponte, tenho que atravessar no chamado Butrint Ferry, uma balsa de madeira e ferro que atravessa o canal, puxada por cabos de aço que a vão deslocando para um lado e para o outro.
Confesso que fiquei um pouco apreensiva, o aspecto desgastado e frágil do chamado ferry que vai adornando à medida que pessoas e veículos vão subindo é um pouco assustador, quando os cabos começam a puxar para a outra margem tens aquela sensação que vais precisar de gastar alguma da tua sorte para que não seja desta.
A paragem é feita, literalmente sem abrandar, contra o cais, se não agarras a moto acabas com ela estatelada no chão da balsa ou pior, dentro de água.
Felizmente o impacto não foi suficiente para a mandar ao chão, por um triz, muito embora o albanês irritado me tenha avisado previamente que tinha de a agarrar.
Enfim, desde os dramáticos Alpes que nos fazem subir e descer em curvas de nível apertadas às maravilhosas praias da Riviera Albanesa, os veículos de luxo enormes, de vidros completamente fumados que contrastam com os chaços que teimam em arrastar-se pelas estradas, a rudez de um país que ainda vive com algum isolamento e com marcas de outros tempos. É sem dúvida um país onde quero voltar, nem que seja para aproveitar o tempo que resta daquelas maravilhosas praias, até ao dia em que lá chegarem os presunçosos turistas prontos a preencher aquele paraíso no Adriático com os seus chapéus e toalhas garridas e bolsos cheios. Aproveitem enquanto não há MC Donalds na Albânia.andardemoto.pt @ 9-3-2024 12:30:00 - Adelina Graça
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