
Adelina Graça
Duas rodas, duas asas
OPINIÃO
As fronteiras
As fronteiras são para mim lugares únicos, janelas para o desconhecido.
andardemoto.pt @ 5-5-2024 19:30:00 - Adelina Graça
Ao longo de cada jornada, conforme vais palmilhando quilómetros em cada País e te vais aproximando da fronteira com o próximo, vais sentido aquele nervoso miudinho que te enche a alma de desconhecido.
A curiosidade é talvez o sentimento mais maravilhoso da Humanidade, é ela que te faz atravessar os limites da consciência, que se agiganta ao aproximar de cada fronteira, afinal como será o outro lado? Como será o Mundo depois de passar aquela pequena casinhota que divide uma parte do Mundo, que a natureza ignora, mas que o Homem fez questão de separar.
A fronteira é para mim uma dicotomia entre os limites que o ser humano se impõe e a Natureza que, invariavelmente, ignora. Afinal, só existem realmente para separar, a nós humanos!
Quando lá chegas, nunca sabes como será, como os guardas te vão tratar, como os deves abordar, como vou fazer papel de boa pessoa que permitirá abrir as portas ao novo Mundo.
Nós europeus de nariz empinado, temos sempre muito a aprender, vivemos numa comunidade que nos abriu o livre transito por quase todo o velho continente, isso fez de nós uns privilegiados, que já pouco valor damos à liberdade.
E quando chegamos a uma fronteira, muitas vezes achamos que a nossa presunção e paternalismo, nos permitem simplesmente atravessar. Mas, e se nos dizem não?! Haverá depois ladainhas de Cristiano Ronaldo que nos safem?
Bem, mesmo que a Natureza insista em nos mostrar que o planeta é único e livre, o Homem decidiu separar as sociedades e, naturalmente, quem mais ordena são os que lá vivem. Talvez por isso mesmo é preciso respeitar, perceber que o que facilita atravessar uma fronteira é a humildade e o respeito pelo povo que tens pela frente.
Por isso vos deixo algumas coisas que fui aprendendo. Haverá, com toda a certeza, muitas mais que aprenderei. Mas estas já as senti.
Não, não somos donos da razão, por isso usa da tua humildade, respeita a espera e avança quando te disserem.
Não faças as típicas graçolas arrogantes enquanto o guarda fronteiriço, de cara fechada, verifica os teus documentos.
Não opines sobre o País a não ser que te perguntem e, nesse caso, pensa no que gostarias de ouvir sobre o teu País.
Sair da moto e tirar o capacete, mesmo que não te digam para o fazer, é um sinal de respeito e consideração.
Facilitar a passagem de outros veículos quando necessário, desviando a moto à mão, é mais um sinal de respeito e segurança.
NUNCA TIRES FOTOS sem autorização. Isso pode gerar desconforto, riscos de segurança e claro, desrespeito. Pode levar a situações extremamente tensas!
Usa da tua inteligência emocional para deixar o sentimento de conforto, sem pressas, sem stresses.
E por último, despede-te com o respeito de quem vai de coração aberto para o novo Mundo, na certeza de que respeitarás a cultura, as regras e sobretudo a tua e a segurança de quem te recebe.
Quanto ao resto, o novo Mundo encarregar-se-á de abrir os braços para te acolher nessa tua vontade infinita de saciar a curiosidade, de quem ainda lhe corre sangue dos aventureiros que atravessaram oceanos.andardemoto.pt @ 5-5-2024 19:30:00 - Adelina Graça
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