Adelina Graça
Duas rodas, duas asas
OPINIÃO
A pequena “Matrix”
Com o Mundo em plena guerra energética e com uma mudança de paradigma que se avizinha, defender conceitos ou teorias é arriscado. Não vale a pena afirmar qual será o futuro da mobilidade, seja ela elétrica ou outra, tal como não faz sentido fazer conceitos sobre qual é mais poluente, muitas vezes, baseados em discursos de quem nada sabe, mas afirma com toda a certeza.
andardemoto.pt @ 15-4-2023 17:30:00 - Adelina Graça
Vou falar-vos da minha experiência com a “Matrix”. A pequena Horwin EK3 foi uma escolha racional, verdade. Para aqueles que acham que motos é só paixão, aqui está a prova que não é.
Comprei o bicharoco quando a gasolina chegou aos € 2,00/litro, nessa altura pensei: não, não vou continuar a alimentar este limbo, tenho de arranjar uma solução mais económica.
A desconfiança inicial é natural para quem estava habituada ao cheiro a gasolina desde os saudosos anos 90, por isso, o teste foi muito mais racional.
A motinha, que à primeira vista parece um fofinho Tamagotchi, logo se revelou endiabrada. Primeiro tens de trocar os cavalos por 6,2 kw e ficas a saber o mesmo. Mas quando arrancas, o sorriso é imediato, é um mini diabinho, o pequeno brinquedo sai disparado ao primeiro semáforo! Dificilmente encontras alguma maquineta que lhe faça frente, com uma manobrabilidade fantástica, são apenas 100 quilos e com uma agilidade que te deixa de sorriso aberto. Na cidade é uma luva, permitindo chegar a qualquer lado num ápice, sobretudo devido ao baixo peso e dimensão.
Mas quem pensa que o pequeno diabo se torna num anjinho quando chega a estrada aberta, nomeadamente vias rápidas, desengane-se, o bicharoco continua ágil e rapidamente chega aos 90/100 km/h, o que é mais que suficiente para te desembaraçares.
Quanto à história das autonomias, bem, trata-se de um veículo de mobilidade urbana, não podes pensar que vais fazer uma viagem de Lisboa ao Porto nesta coisa, tens cerca de 100 km de autonomia. Para quem se desloca todos os dias casa/trabalho e não faz mais de 50/60 km diários, é uma verdadeira maravilha.
Mas vamos lá aos 6000 km que já fiz na minha pequena “Matrix” Horwin EK3:
1 - Autonomia e carregamentos: depois do stress que durou uma semana, para lhe apanhar o jeito a coisa funciona como um telemóvel, sempre que a bateria baixa dos 20% coloco a carregar, simples, posso colocar a maquineta a carregar na garagem ou saco a bateria e levo para casa ou para o escritório, qualquer tomada de 220 v serve;
2 – Manutenção: pouco mais que zero, é carregar e andar;
3 – Problemas: zero;
4 – Agilidade: total, imagina o que é passar pelo trânsito caótico e ir ao supermercado, colocar as compras debaixo do banco ou no escudo frontal e chegar a casa antes dos colegas de trabalho sequer conseguirem andar um quarteirão;
5 – Consumo: não consigo sequer avaliar esta questão, se colocares a pequena bateria a carregar durante a noite, leva 4 horas a carregar, não se nota grande diferença no valor da fatura da eletricidade;
6 – Satisfação: total, pelo menos por enquanto. Quanto à bateria viciada e outras teorias, por enquanto não noto qualquer diferença;
7 – Pontos menos bons: o peso do bicharoco coloca dois problemas. O primeiro é claramente o risco de furto, o segundo é a facilidade de manobrabilidade que, às tantas. dás por ti a passar os limites.
Não posso dizer que andar na pequena Matrix é como andar numa Trail, mas é um pequeno bicharoco endiabrado que dá imenso prazer de conduzir no dia a dia.
andardemoto.pt @ 15-4-2023 17:30:00 - Adelina Graça
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