Adelina Graça
Duas rodas, duas asas
OPINIÃO
Uma entre milhares de milhões
No dia 15 de novembro de 2022 acordei com a notícia de que ultrapassámos a fasquia dos oito mil milhões de pessoas no terceiro calhau a contar do sol.
andardemoto.pt @ 23-11-2022 17:21:00 - Adelina Graça
Na Índia, num único ano, foram vendidas 17 milhões de motos.
Perante a imensidão dos números, o que faz da nossa moto algo que se distingue entre os milhares de milhões?
Bem, antes de mais, utilizo o clichê natural, “é nossa!”
A nossa moto é um turbilhão de paixões. Todos temos histórias para contar, histórias que representam partes da nossa vida, aventuras, desafios, orgulho, mas também, dificuldades, tristeza e alguma nostalgia.
Histórias épicas de superação, que contamos aos amigos no café com orgulho da máquina que nos guia rua fora, mundo fora, e por muito pequenos que sejam os feitos, são a nossa história.
Todos os dias a olho com a nostalgia de aventuras passadas, mas sobretudo, olho-a com os sonhos no futuro. O que faremos amanhã? Até onde queremos ir?
Lembro-me de todas as motos que tive e do que representaram para mim, cada uma delas fez parte da minha vida, estiveram em cada fase do meu crescimento enquanto pessoa e enquanto motociclista. Os ensinamentos dos amigos, as experiências, as quedas, as superações, os medos. Cada uma representa partes do sentimento que me fez chegar até aqui.
Cada motard que se cruza pelo caminho terá também ele histórias para contar, das suas aventuras e desventuras, sempre com o brilho nos olhos quando fala da sua companheira de viagem ou, simplesmente, daquela que o levou todos os dias ao trabalho, aos amigos, aos familiares.
É talvez por isso que quando vejo uma dessas máquinas a apodrecer numa das ruas da cidade me questiono sobre as histórias que terá para contar…
Costuma-se dizer que o que importa é a viagem não o destino, e talvez por esse facto eu diga também, o que importa não é o tamanho da nossa moto, mas o que ela representa para nós. Talvez isso me faça recordar os motards que encontrei em cada viagem, que contaram histórias apaixonantes de superação e valentia, dos que atravessaram continentes ou simplesmente seguiram o sonho de ir até ao fim da rua.
Lembro-me particularmente de um australiano que encontrei em Andorra na sua pequena Suzuki DR que andava pelo mundo fora e, por muito velha e estragada que a pequena DR parecesse aos nossos olhos, ele dedicadamente a cobria ao fim do dia com o seu velho manto, com todo cuidado e dedicação, como se lhe agradecesse cada quilómetro percorrido, cada emoção vivida.
Por muito iguais que pareçam as nossas companheiras de viagem, elas nunca serão iguais a mais nenhuma.
andardemoto.pt @ 23-11-2022 17:21:00 - Adelina Graça
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