
Adelina Graça
Duas rodas, duas asas
OPINIÃO
O Consumo
Cada sonho tem uma marca; cada marca, um sonho para vender. Cada inovação e cada nova tecnologia interliga-se nesse ciclo incessante. Mas surge a pergunta: é o sonho que comanda as nossas vidas, ou somos meras vítimas da arte de nos venderem sonhos? A resposta é complexa: ambas as opções têm o seu papel.
andardemoto.pt @ 26-12-2024 12:30:00 - Adelina Graça
No mundo das motos, o emocional pesa muito mais do que o racional. Essa característica não é necessariamente negativa, mas exige que tenhamos clareza sobre o que realmente desejamos. No fundo, não compramos sonhos; compramos máquinas que nos ajudam a realizá-los.
Hoje, as marcas lutam para criar desejos cada vez maiores e necessidades incessantes, oferecendo motos mais tecnológicas, mais potentes e aventureiras. O mantra do "mais" parece não ter fim. Queixamo-nos frequentemente da electrónica excessiva ou insuficiente, da fiabilidade, do design, da potência e do tamanho; estamos sempre à procura do próximo upgrade.
Surge então aquele momento desconcertante entre amigos, quando alguém diz que a tua moto é antiga, que já não possui os recursos mais recentes, e pergunta se já conheces a nova versão. Nesse instante, a moto que era um símbolo de liberdade passa a ser vista como uma relíquia. A tentação de trocar por uma dessas máquinas modernas e tecnologicamente avançadas cresce. Entretanto, uma coisa deve permanecer constante: o objetivo de manter o teu sonho vivo.Manter o sonho vivo requer foco no que realmente traz a felicidade. A verdadeira alegria não se mede em potência, em TFT´s ou em cilindrada; mede-se, acima de tudo, em emoções. Assim, cada vez que olho para a minha “rodas altas”, agora com 116 mil quilómetros, mantendo o encanto de quando a comprei, torna-se mais difícil despedir-me dela, pois cada quilómetro percorrido carrega memórias que a tornaram parte de mim e talvez isso seja mais importante que as novas tecnologias.
Perante uma oferta quase infinita de desejos apresentados pelas marcas, é crucial manter o foco e escolher a máquina certa. Não estou a afirmar que se deva optar pela mais racional, sem emoção não há verdadeira felicidade. A felicidade, contudo, exige a escolha da máquina certa para o nosso sonho, aquela que te faz idealizar novas experiências e que se liga ao nosso verdadeiro eu. Encontrar esse equilíbrio é a chave; faz a distinção entre a moto que idealizaste, da fantasia que te querem vender.
Viver plenamente a paixão de duas rodas significa que é, acima de tudo, uma decisão tua!
andardemoto.pt @ 26-12-2024 12:30:00 - Adelina Graça
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